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FELIZ ANIVERSÁRIO, BILLIE HOLIDAY!

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Alguns músicos me emocionam de forma especial. Quando ouço Howlin’ Wolf, Django Reinhardt, Sidney Bechet, Stevie Ray Vaughan, Jacob do Bandolim, Glenn Gould ou Nina Simone, parece que a música traz, além da beleza, uma sinceridade que a torna ainda mais especial.

Claro que esse seleto grupo de músicos não estaria completo sem Billie Holiday, cujo aniversário de 100 anos foi celebrado ontem.

Acho impressionante como algumas pessoas usam o jazz e os standards da canção americana, eternizados por cantores como Holiday, Ella Fitzgerald, Frank Sinatra, Bing Crosby, Nat King Cole e outros, como música de fundo ou uma simples trilha sonora para relaxamento e um vinhozinho no sofá.

Nunca consegui relaxar ouvindo Billie Holiday, porque sua voz é carregada de uma emoção tão sincera que demanda completa atenção.

No filme “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, o personagem de Woody Allen diz para Annie Hall (Diane Keaton), uma cantora amadora: “Drogas dão a ilusão de que podem transformar qualquer mulher branca em Billie Holiday”. Allen brincava não só com a noção de que a “honestidade” artística pode ser mais facilmente atingida em estados alterados de consciência, mas também com a imagem de Holiday como um ícone da autodestruição.

Os fatos são conhecidos: Eleonora Fagan Gough nunca soube com certeza a data e local de seu nascimento. Internada em um reformatório aos nove anos de idade, prostituiu-se, foi viciada em heroína e presa por porte de drogas. Morreu em 1959, aos 44 anos, de cirrose e problemas cardíacos. Em suas últimas fotos, parecia ter 70 anos.

Em seus 44 anos de vida, Billie Holiday – ou “Lady Day”, apelido carinhoso dado pelo parceiro de tantas gravações, o saxofonista Lester Young – revolucionou o jazz. Sem treinamento formal, usava a voz como instrumento, inspirada nos grandes jazzistas que apreciava. E foram muitos: Billie adorava Louis Armstrong e cantou com as orquestras de Count Basie, Benny Goodman e Artie Shaw. Ao longo da carreira, gravou com músicos como Johnny Hodges, Gerry Mulligan, Oscar Peterson, Roy Eldridge e tantos outros.

Em homenagem a Lady Day, aqui vai uma seleção de cinco de suas interpretações antológicas:

Me, Myself and I (1937)

Aos 22 anos, Lady Day botava o mundo pra dançar em uma das muitas faixas que gravou com o parceiro Lester Young.

Strange Fruit (1939)

Escrita por Abel Meeropol, um professor judeu e branco, “Strange Fruit” ainda é uma das canções de protesto mais arrepiantes já feitas. As “frutas estranhas” da letra eram os corpos de negros, linchados e pendurados em árvores no estado de Indiana.

That Ole Devil Called Love (1944)

A letra parece feita sob medida para a melancolia da voz de Holiday: “É aquele velho diabo chamado amor de novo / Que se aproxima de mim e me empurra / Põe chuva em meus olhos / Lágrimas em meus sonhos / E pedras em meu coração”.

All of Me (1941)

Quantas dezenas de versões de “All of Me” você já ouviu? E quantas chegam perto da versão de Lady Day? “Você levou a parte / que um dia foi meu coração”.

For All We Know (1958)

Em 1958, Billie Holiday gravou seu penúltimo LP, “Lady in Satin”. Sua voz não é a mesma de anos antes e mostra claros sinais de desgaste, mas a interpretação é comovente demais.

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