Dia desses, vi um dos filmes de terror mais legais dos últimos tempos: “The Babadook”, da australiana Jennifer Kent. O filme ainda não tem previsão de estreia no Bananão, mas está no Netflix gringo.
“The Babadook” não é lá muito inovador. O filme usa temas ligados ao imaginário infantil e tem como protagonistas uma mãe, Amelia (Essie Davis) e o filho de seis anos, Samuel (Noah Wiseman).
Amelia e Samuel são traumatizados por uma tragédia familiar. No caminho do hospital para o nascimento de Samuel, Amelia e o marido, Oskar (Benjamin Winspear) sofrem um acidente de carro, e Oskar morre na hora.
Samuel torna-se uma criança fechada em um mundo fantasioso. Adora magia e vê monstros por todos os lados. O mais assustador é The Babadook, uma criatura sombria e de cartola, que assombra os pesadelos do menino – e, depois, sua realidade, claro.
Mesmo reciclando fórmulas de outros filmes, “The Babadook” é tão bem feito e bem escrito que assusta demais. É um filme barato. O elenco não tem mais de uma dúzia de atores. Os efeitos especiais são simples, mas a forma como Jennifer Kent usa efeitos sonoros e música compensa a modéstia de recursos.
Top 5 – Filmes assustadores com crianças
Inspirado por “The Babadook”, fiz uma lista de meus filmes de terror prediletos envolvendo o imaginário infantil. Não coloquei obviedades como “O Exorcista”, “O Bebê de Rosemary” e “O Iluminado”, mas escolhi filmes menos conhecidos e que merecem ser vistos. Faça sua lista e compare. Em ordem cronológica, aqui vão os melhores filmes de “terror infantil” que já vi:
O Mensageiro do Diabo (Charles Laughton, 1955)
Um de meus filmes prediletos em qualquer gênero. Foi o único filme dirigido pelo ator Charles Laughton e é uma obra-prima do terror psicológico, usando uma estética inspirada no cinema Expressionista alemão dos anos 20. Robert Mitchum faz um pastor serial killer que descobre que duas crianças estão de posse de uma boneca com uma fortuna em dólares escondida. O dinheiro fora colocado ali por um ladrão de bancos. O pastor começa a perseguir as crianças pelas florestas da Virginia. O roteiro é do brilhante crítico James Agee e a fotografia, do genial Snatley Cortez, que fez só “Shock Corridor”, de Samuel Fuller, e “Soberba”, de Orson Welles.
A Aldeia dos Amaldiçoados (Wolf Rilla, 1960)
Uma produção americana e britânica dirigida por um alemão, é uma das joias do cinema anticomunista da Guerra Fria. Uma pequena cidade inglesa é atacada por uma força misteriosa que põe todos os habitantes para dormir. Quando acordam, percebem que todas as mulheres da cidadezinha estão grávidas. Meses depois, todas dão à luz no mesmo instante a crianças de cabelos platinados e olhos brilhantes. Foi refilmado em 1995 por John Carpenter, mas ainda prefiro o original.
Nasce um Monstro (It´s Alive, Larry Cohen, 1974)
Adoro esse lixão de Larry Cohen sobre um casal que concebe um bebê monstrengo que mata tudo que vê pela frente. Os Ramones adoravam esse filme e batizaram seu primeiro disco ao vivo de “It´s Alive”, em homenagem a ele.
A Profecia (Richard Donner, 1976)
Perdi a conta de quantas vezes assisti à saga de Damien, um órfão que é dado, na maternidade, a um casal que acabara de perder o filho. O pai, um poderoso diplomata americano interpretado por Gregory Peck, não conta à esposa (Lee Remick) sobre a troca. Logo o casal vai descobrir que o menininho é, literalmente, o diabo. Revi “A Profecia” há alguns meses e continua sendo um dos filmes mais assustadores já feitos. E a trilha de Jerry Goldsmith é fabulosa.
Deixe Ela Entrar (Tomas Alfredson, 2008)
Espetacular filme sueco sobre um menino tímido que faz amizade com uma amiguinha da escola. O que ele não sabe é que a menina é uma vampira. Um dos filmes mais bonitos e comoventes sobre a insegurança infantil e a solidão da infância.
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