Daqui a 300 ou 400 anos, quando historiadores discutirem a sociedade brasileira do início do século 21, o que concluirão ao ver esta imagem?
Provavelmente, terão dificuldade de acreditar que o sujeito da foto foi um dos maiores esportistas de seu tempo, um gênio da bola, campeão do mundo, eleito duas vezes o melhor jogador do planeta e ídolo de clubes no Brasil, França, Espanha e Itália.
E aqui não vai nenhum julgamento moral. Qualquer um pode fazer o que quiser da vida. Se Ronaldinho gosta de fazer orgias com rinocerontes ou com anões besuntados em óleo, ótimo, a vida é dele e ele faz o que quiser.
Se as amigas de Ronaldinho curtem ser figurantes de harém, maravilha, cada um cuida do próprio nariz (ou bunda, no caso).
Todo mundo que aparece na foto é maior de idade – ou aparenta ser – e responsável por seus atos. Ninguém ali parece ter sido obrigado a participar de nada.
Assim que a imagem caiu nas redes sociais, as opiniões se dividiram: muita gente criticou Ronaldinho Gaúcho e as mulheres pela divulgação da foto, considerada sexista e de mau gosto. Outra parte elogiou o craque e disse que ele estava certo em curtir a vida adoidado.
De qualquer forma, é um retrato marcante de um tema que vem dominando o país: a ostentação.
Seja nos rolezinhos da molecada usando bonés de grife, nas regras de conduta do Rei do Camarote ou no Instagram dos “foodies”, a palavra de ordem é “ostentar”. Todo mundo quer mostrar aos outros o que a torna uma pessoa especial e privilegiada.
Dá para entender porque um moleque da perifa, que passou a vida toda bombardeado por comerciais que associam sucesso pessoal a roupas de grife, fique obcecado em exibir um boné ou um tênis. Mas Ronaldinho Gaúcho? O cara tem quase 34 anos, é famoso e milionário há quase 20, viajou o mundo todo e tem a experiência de vida de poucos. Na teoria, já passou da fase de ostentar.
Cada época é marcada por suas imagens. E é emblemático que o retrato do país em 2014 seja o de um milionário de sunga branca com cinco escravas aos pés. Afinal, somos os maiores ostentadores do mundo: não temos escolas, hospitais, aeroportos e estradas, mas vamos fazer uma Copa com “padrão Fifa”. Ostentação é isso aí.
P.S.: Estarei fora por boa parte do dia e impossibilitado de responder comentários até o meio da tarde. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço um pouco de paciência.
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