Film Trailer - Who the F Is Arthur Fogel por thevideos no Videolog.tv.
A HBO HD exibe hoje, às 22h (com reprise 30/1, às 10h na HBO) o documentário “Quem Diabos é Arthur Fogel?”. O filme é um lixo completo, um festival de puxa-saquismo sem um pingo de senso crítico, mas vale para conhecer um dos personagens mais poderosos da indústria musical e entender por que sua ascensão fez tão mal à música.
Fogel é um dos chefões da Live Nation Entertainment, um conglomerado formado pela união de dois monstros do setor de entretenimento, a Live Nation e a Ticketmaster. A empresa controla cerca de 300 arenas, teatros e clubes em todo o mundo, agencia cerca de 250 artistas (incluindo Madonna, Jay-Z e Eagles) e promove turnês de U2, Rolling Stones, Madonna, Police, Christina Aguilera, Jonas Brothers e outros. Todo ano, 250 milhões de pessoas comparecem aos mais de 180 mil eventos organizados pela empresa.
Se você acha que os locais de show em todo o mundo estão cada vez mais parecidos, os preços de ingressos cada vez mais exorbitantes e se preocupa com o fechamento de pequenos clubes, pode agradecer a Arthur Fogel.
Desde o fim dos anos 80, quando bateu o lendário promotor Bill Graham e comprou os direitos da turnê “Steel Wheels”, dos Stones, Fogel vem dominando o mercado de forma avassaladora. Das dez turnês mais rentáveis de todos os tempos, produziu sete. U2, Madonna e Rolling Stones só excursionam com ele no comando.
Há 25 anos, Fogel começou a oferecer a artistas “pacotes globais”, em que ele organiza todos os shows de uma turnê sem usar promotores locais. Assim, Fogel eliminou os intermediários e começou a padronizar cada vez mais a organização de turnês.
No início dos anos 2000, com o advento do Napster e a ruína das gravadoras, o mercado de shows cresceu absurdamente. Como diz no filme o empresário de Madonna, Guy Oseary: “Antes a gente excursionava para vender discos; hoje lançamos discos para vender os shows.”
Fogel passou a oferecer os chamados “pacotes 360”, contratos em que o artista ganha uma quantia fixa pelo direito de permitir ao promotor explorar a venda de ingressos, merchandise, bebida, e tudo que pode gerar lucro em um concerto. Madonna e Jay-Z, por exemplo, assinaram com a Live Nation por dez anos e levaram, respectivamente, 120 e 150 milhões de dólares.
Mas o filme não traz nenhum questionamento sobre as possíveis desvantagens ou problemas causados por essas táticas. Excetuando um comentário de Elliot Roberts, agente de Bob Dylan e Neil Young, que diz que novos artistas estão sofrendo com a falta de lugares para tocar (“Fogel só começa a se interessar por alguém depois que vende mais de 3 mil ingressos”), o filme é só elogios.
Madonna, Bono, The Edge, Paul McGuiness (empresário do U2) e outros passam o filme inteiro babando em cima de Fogel. Até o diretor do filme, Ron Chapman, que trabalhou com ele nos anos 80 em um clube no Canadá, aparece rasgando seda pro amigo.
Sting diz, com a maior cara de pau, que resolveu reformar o Police para “fazer uma surpresa” ao mundo, esquecendo de mencionar os milhões que ganhou – e o fato de odiar Copeland e Summers até hoje.
Um dos momentos mais reveladores do filme é justamente uma entrevista com a empresária do Police. Quando perguntam qual a melhor lembrança da turnê de volta da banda, em 2008, ela responde: “Foi a turnê mais lucrativa do ano!”.
Mesmo com tanto confete em cima de Fogel, dá para tirar algumas lições nas entrelinhas. Quando o filme aborda a turnê 360 do U2, com seu palco no meio do gramado, o empresário da banda, Paul McGuiness, depois de falar do palco como se fosse a Mona Lisa ou Guernica, lembra que a geringonça permitiu à banda aumentar o número de assentos em até 30%. “Quando fizemos a turnê Vertigo no Estádio Olímpico de Berlim, batemos o recorde de ingressos no local, com 70 mil. Na turnê 360, vendemos 92 mil.” No mundo desses caras, o comércio está sempre à frente da arte.
P.S.1: Estarei fora por boa parte do dia e só poderei responder aos comentários no fim da tarde. Peço desculpas pelo incômodo.
P.S. 2: Domingo, participarei de um liveblogging do Grammy. Mais detalhes amanhã.
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