Hoje é aniversário de um ano do maior jogo de futebol de todos os tempos. Toda vez que você estiver triste ou descrente da vida, reveja essas cenas - a indiazinha com a mão na boca, o menininho aos prantos, Júlio César fazendo cara de prisão de ventre, David Luiz agradecendo aos céus por ter levado de sete, Galvão passando da euforia à revolta - e ilumine seu dia.
Para celebrar essa data tão especial, a Câmara dos Deputados nos deu um presentão ontem, com a aprovação da Medida Provisória do Futebol. Com essa MP, não tem erro: muitos outros 7 a 1 virão por aí.
Se alguém tinha a esperança de que a prisão de José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e as investigações de corrupção envolvendo o atual presidente, Marco Polo Del Nero, pudessem levar a uma mudança na gestão de nosso futebol, essa esperança foi enterrada pela Bancada da Bola, com a cumplicidade de nossos clubes.
O texto aprovado não mexe na estrutura de poder do futebol e continua a favorecer a CBF e as federações.
Uma das mudanças foi a inclusão dos 20 times da série B na votação para a eleição da cúpula da CBF (atualmente, apenas as federações e os clubes da séria A podem votar). Na prática isso não muda nada, já que os times da série B são tão corporativistas e dependentes da CBF quanto os da série A.
Sobre as federações estaduais de futebol, conhecidos antros de corrupção e nepotismo, ficou como dantes: os deputados retiraram do texto a inclusão de novos critérios para a formação do colégio eleitoral nas eleições das 27 federações. Já os clubes ganharam 20 anos para parcelar suas dívidas, que certamente crescerão muito sob o comando da mesma CBF e das mesmas federações, com seus campeonatos deficitários de sempre.
A MP também retirou a proposta de transformar a seleção brasileira de futebol em patrimônio cultural, o que permitiria ao Ministério Público acompanhar a gestão e investigar a CBF.
O ex-deputado Walter Feldman, atual secretário-geral da CBF, disse que isso significaria uma “ingerência desnecessária por parte do poder público em uma entidade privada”.
Em bom português: a seleção brasileira não é do Brasil, mas da CBF.
Então, leitores, por favor, não reclamem quando eu me referir ao time da camisa amarela como “seleção da CBF”, ok? Nada de ataques de pachequismo ou gritos de “Sou brasileiro, com muito orgulho”. O time é deles e acabou.
Enquanto isso, Del Nero diz que Dunga é o cara e que vai com ele para a Copa de 2018.
Para desopilar um pouco, só mesmo revendo esse vídeo hilariante:
Que venham muitos outros 7 a 1. Porque brasileiro não desiste nunca.
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