Wes Craven, que morreu domingo, aos 76 anos, sabia que a fórmula infalível para atrair público ao cinema – especialmente adolescentes - era juntar as duas coisas que eles mais gostavam: sangue e sexo.
Muitos não sabem, mas antes de fazer filmes de terror Craven produziu e dirigiu filmes pornográficos, usando um pseudônimo.
Seus dois primeiros filmes de terror, “The Last House the Left” (“Aniversário Macabro”), de 1972, e “The Hills Have Eyes” (“Quadrilha de Sádicos”), de 1977, foram sucessos de bilheteria e faturaram muitas vezes o custo de seus orçamentos.
Eram filmes brutais e chocantes, filmados em estilo cru e quase documental, a exemplo de outros sucessos do cinema de gênero da época, como “O Massacre da Serra Elétrica do Texas” (Tobe Hooper, 1974).
“The Last House on the Left”, sobre duas adolescentes violentadas por uma gangue de lunáticos em uma cabana na floresta, foi inspirado em “A Fonte da Donzela” (1960), de Ingmar Bergman.
No início dos anos 80, quando começou a pensar em um personagem de um filme de terror para adolescentes, Craven decidiu usar um artifício que funcionava perfeitamente desde que Bram Stoker escrevera “Drácula”, no fim do século 19: o medo como consequência do desejo. Nascia Freddy Krueger.
Freddy só ataca adolescentes. E os ataca no momento em que eles estão mais desprotegidos: durante os sonhos. E de que são feitos os sonhos adolescentes? De sexo, claro.
Os maiores vilões do cinema de horror dos anos 70 e 80 – Freddy, Michael Myers (“Halloween”) e Jason Voorhees (“Sexta-Feira 13”) – são na verdade “justiceiros” que punem a molecada por pensamentos “impróprios”. E os jovens, explodindo em hormônios, iam ao cinema num misto de curiosidade e masoquismo, sabendo que eram tão “culpados” quanto os personagens que o trio eliminava aos montes.
Freddy tinha uma vantagem em relação a Michael e Jason: era engraçado. O bicho-papão criado por Wes Craven fazia piadas antes de enfiar suas longas unhas de metal na carne de alguém e zombava do terror que causava. Com sexo, sangue e humor, “A Hora do Pesadelo” trazia uma combinação infalível.
A genialidade de Wes Craven foi explorar os anseios e a insegurança do público adolescente. A gente pagava ingresso para ser punido por Freddy Krueger.
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