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Gosta de cinema? Agradeça a esse cara… (e a censura a Hubert)

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becker Gosta de cinema? Agradeça a esse cara... (e a censura a Hubert)William Becker nunca dirigiu um filme ou escreveu um roteiro, mas é tão importante para o cinema quanto Fellini, Kurosawa ou Bergman. Porque Fellini, Kurosawa e Bergman certamente não seriam tão conhecidos se não fosse por William Becker.

Becker, que morreu essa semana nos Estados Unidos, aos 88 anos, era dono da Janus, uma distribuidora de filmes de arte, e ajudou a criar a Criterion, a mais importante coleção de DVDs e Blu-rays do mundo.

A Janus foi fundada nos EUA nos anos 1950 e comprada por Becker em 1965.

Hoje, qualquer cinéfilo tem a história do cinema à disposição. Quer ver um Godard antigo ou um filme raro de Satyajit Ray? Basta procurar que você acha.

Quando Becker assumiu a Janus, as coisas eram muito diferentes. Filmes japoneses e russos não passavam regularmente nos Estados Unidos. Estudantes de cinema tinham enorme dificuldade para ver filmes de Bergman ou Truffaut.

Para muita gente – Scorsese, Coppola, Bogdanovich, George Lucas – a Janus foi uma verdadeira escola de cinema, que lhes deu a chance de conhecer o trabalho de grandes mestres europeus e orientais.

Veja aqui o trailer do relançamento, em cópias restauradas pela Janus, da inacreditável “Trilogia Apu” do indiano Satyajit Ray:

Nos anos 80, Becker juntou-se a outra distribuidora, a Voyager, e ajudou a criar a Criterion Collection, que hoje conta com quase 800 títulos lançados, de clássicos expressionistas alemães dos anos 1920 a filmes do russo Sergei Eisenstein, passando pelo cinema japonês de Ozu, Oshima, Kurosawa e Mizoguchi e cineastas norte-americanos como Nicholas Ray, Samuel Fuller e John Cassavettes. Veja aqui a lista completa, com 846 títulos.

Qualquer um que já tenha visto uma edição da Criterion sabe o capricho com que cada DVD ou Blu-ray é lançado, sempre com a melhor qualidade de imagem possível e recheada de extras, como documentários, trailers, cenas inéditas, comentários do diretor ou de algum especialista.

Aqui vai uma reportagem com alguns dos técnicos que trabalham na restauração e preparo dos títulos lançados pela Criterion:

Graças a Becker e a outros abnegados, o cinema de arte sobreviveu e está disponível a todos.

Quando comecei a frequentar cineclubes, nos anos 80, não havia a facilidade de ter os filmes à disposição. Quando um cineclube exibia um Tarkovsky ou um Pasolini, era uma chance rara – talvez única – de assisti-los.

Por isso sou fascinado por histórias de pessoas que cometeram insanidades para exibir e preservar filmes. É comovente ler sobre Henri Langlois, presidente da Cinemateca Francesa, que escondeu centenas de filmes dos nazistas durante a ocupação de Paris.

Outra história bonita é a da amizade entre o colecionador Raymond Rohauer e o cineasta Buster Keaton. Em 1954, Rohauer exibia a comédia “A General” (1926) em um cinema de Los Angeles, quando viu o próprio Keaton – então praticamente esquecido pelo público - na plateia. Os dois tornaram-se amigos e Rohauer acabou relançando os filmes de Keaton, que andavam sumidos dos cinemas. Se não fosse pelo colecionador, Buster Keaton poderia ser, hoje, um rodapé na história do cinema, e não o gênio que conhecemos.

A CENSURA A HUBERT

Sou fã do Hubert desde os tempos do "Pasquim", antes mesmo de ele criar o "Planeta Diário". Ontem, o cartunista teve um desenho censurado pelo Facebook. Em homenagem a Hubert, aqui vai o cartum:

15 09 Gosta de cinema? Agradeça a esse cara... (e a censura a Hubert)

P.S.: Estarei fora até o meio da tarde e impossibilitado de moderar comentários. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço desculpas e um pouco de paciência.

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