Quem acompanha o blog sabe que sempre critiquei a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil. Com raras exceções, o “legado” desses megaeventos será uma coleção de estádios superfaturados e subutilizados.
Mas há uma obra que, acredito, será muito boa para o Rio de Janeiro: a demolição do viaduto da Perimetral, uma monstruosidade que cortava a zona portuária da cidade, passando por cima de locais históricos como a Praça Quinze e a Praça Mauá.
Estudei por muitos anos no centro do Rio, bem próximo à Praça Mauá, e me acostumei à escuridão, imundície e feiura causadas pela Perimetral. Estive na “nova” Praça Mauá esses dias, e foi chocante ver a diferença.
Sem o monstrengo, a paisagem se transformou: famílias passeavam pelo local apreciando a vista da Baía da Guanabara e dos imensos navios ancorados no Porto; gente andava de bicicleta e parava para tomar um sorvete num food truck. O lugar renasceu.
Acho que todo paulistano deveria visitar a Praça Mauá para ter um gostinho de como poderia ser a vida de São Paulo sem o Minhocão, aquela bagaceira de 2,5 km criada por Paulo Maluf nos anos 70 e que corta alguns bairros que, antes da obra, estavam entre os mais charmosos da cidade: Santa Cecília, Campos Elíseos e Vila Buarque.
Também sugiro aos moradores do Rio Comprido, no Rio de Janeiro, que visitem a Praça Mauá e imaginem seu bairro sem o Viaduto Paulo de Frontin, aquele troço que acabou com o bairro.
Muita gente pode argumentar que essas obras foram feitas para ajudar o trânsito e que suas demolições piorariam o tráfego nas cidades. Concordo. Mas não é possível sacrificar bairros inteiros para poupar alguns minutos de engarrafamento.
Que se façam túneis ou se desviem o trânsito. Alguma solução precisa ser encontrada. O que não dá é para prejudicar regiões importantes da cidade e a vida de seus moradores. E quem ainda tem dúvida, que dê um pulo na Praça Mauá.
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