O canadense Denis Villeneuve, 48, é um diretor muito acima da média, que fez pelo menos dois filmes – “Incendies”, de 2010, e “Os Suspeitos”, de 2013 – muito bons. Mas nada que chegasse perto de “Sicario”, que estreou semana passada no Brasil. Esse é daqueles filmes que marcam a carreira de qualquer cineasta.
Há muito tempo não ficava tão impressionado com um “thriller” policial. Bem escrito, com um elenco fortíssimo e fotografia do grande Roger Deakins (indicado só DOZE vezes ao Oscar, por filmes dos Irmãos Coen, Scorsese e do próprio Villeneuve), é um dos grandes filmes de ação dos últimos tempos.
A história gira em torno de uma agente do FBI, Kate Macer (Emily Blunt), que é convocada a acompanhar uma equipe de elite do Exército norte-americano nas buscas por um poderoso traficante mexicano na fronteira entre Estados Unidos e México.
O líder da equipe é um agente da CIA, Matt Graver (Josh Brolin), auxiliado por um sujeito misterioso, Alejandro Gillick (Benicio Del Toro), que ninguém sabe para quem trabalha. Logo na primeira missão do grupo, a busca de um importante prisioneiro em Ciudad Juárez, Macer tem um gostinho do que é atuar em uma das regiões mais violentas do mundo, onde leis não existem, tiroteios com metralhadoras são corriqueiros e corpos decapitados são pendurados diariamente em pontes e outdoors.
A conclusão dessa missão é um tiroteio no meio de um engarrafamento de trânsito, certamente uma das sequências mais bem filmadas e tensas que vi em muito tempo. Aliás, o filme tem pelo menos quatro cenas de ação antológicas, incluindo uma rodada com câmeras infravermelhas. A música, do islandês Jóhann Jóhannson, é muito forte e ajuda a realçar os momentos de tensão, suspense e mistério da trama.
A forma como Villeneuve relata as tentativas dos norte-americanos para atacar os indestrutíveis cartéis mexicanos é brilhante. Em clara desvantagem – de grana e de armamentos - os gringos atuam como verdadeiras milícias, promovendo ataques com grupos pequenos de soldados, mas sempre buscando atingir pontos importantes do esquema de contrabando de drogas dos cartéis.
Se você se interessa pelo tema do tráfico no México, sugiro também assistir ao documentário "Narco Cultura", sobre os grupos de “narcocorridos” que fazem música de louvor ao tráfico. O filme tem cenas inacreditáveis rodadas em Juárez.
Voltando a Denis Villeneuve, li que vai dirigir a continuação de “Blade Runner” com Harrison Ford. Confesso que não estava muito empolgado pelo filme ou pela perspectiva de ver alguém continuando uma história tão boa, mas, com ele no comando, fiquei bem mais esperançoso.
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