Você já viu esse filme antes: um avião - ou um hospital, uma escola, um hotel - é tomado por um bando de árabes mal encarados, que ameaçam mandar tudo pelos ares. A situação parece perdida, até que algum fodástico super-herói dos filmes de ação - Chuck Norris, Stallone, Schwarzenegger, Steven Seagal - chega para salvar os inocentes e fazer os terroristas comerem capim pela raiz.
Em 2005, a cineasta norte-americana Jackie Reem Salloum, de família síria e palestina, editou "Planeta dos Árabes", uma coletânea com algumas cenas marcantes da caracterização de personagens árabes em filmes. Assista:
Não é de hoje que muitos reclamam que o cinema comercial norte-americano reduz a cultura árabe a estereótipos. Em 1993, o Comitê Árabe-Americano Contra a Discriminação convenceu a poderosa Disney a mudar um verso de uma música do filme "Aladdin" em que um personagem descrevia sua terra como um lugar "onde eles cortam sua orelha / se não gostarem da sua cara (...) É bárbaro, mas ei, é a minha casa!"
Curiosamente, depois do 11 de setembro, o uso de personagens do Oriente Médio como vilões de filmes parece ter diminuído muito. É só comparar com a década de 80, quando os produtores israelenses Menachem Golan e Yoram Globus, da produtora Cannon, fizeram uns 20 filmes - muitos estrelados por Chuck Norris - em que árabes eram vilões sanguinários.
Nem as comédias poupavam os árabes (ou os persas, como bem lembra o leitor Gustavo S.). Quem pode esquecer essa cena de "Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu 2" (1982), em que a van da companhia área Iran Air chegava ao terminal trazendo passageiros de olhos vendados e acompanhados por atendentes armados até os dentes?
E confesso que ri demais com essa cena do detector de metais no aeroporto:
Alguém faria uma cena dessas num filme hoje em dia? Duvido muito.
P.S.: Estarei fora boa parte do dia e com dificuldade para responder a comentários. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço desculpas e um pouco de paciência. Obrigado.
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