Já tinha visto o filme listado no Netflix, mas não dei muita atenção até o leitor Rafael Salles recomendá-lo. Resolvi assistir, e agora não consigo parar de pensar nele (no filme, não no Rafael, claro): “O Caso Galápagos: Quando Satã Veio ao Paraíso”, de Daniel Geller e Dayna Goldfine, é um documentário tão bizarro que parece ficção. Se alguém escrevesse essa história como filme de mistério, muitos diriam que era exagerada e incredível.
Mas as provas estão lá: filmes, fotos, cartas e depoimentos de sobreviventes. É tudo verdade.
O documentário conta a história de diversos personagens que se reúnem no fim do mundo: as Ilhas Galápagos, um arquipélago de ilhas vulcânicas a 900 km da costa do Equador. Se Galápagos é isolado hoje, imagine em 1929, quando a história começa...
Naquele ano, Fredrich Ritter, um médico alemão niilista, fã de Nietzsche e com um parafuso a menos, decide abandonar a vida confortável e vazia que tinha na Alemanha – e a família - e partir, em companhia da amante, Dore, para o lugar mais isolado da Terra. Escolhe a ilha de Floreana, então completamente desabitada, e lá constrói uma casinha de madeira e bambu.
O casal vive em paz por um bom tempo, em companhia de cabritos e lagartos, até que a tranquilidade é quebrada pelo aparecimento de uma família alemã, os Wittmer. O “Éden” de Fredrich e Dore está ameaçado.
Mas as coisas degringolam mesmo com a chegada do personagem mais esquisito do filme, a Baronesa Eloise Von Wagner Bosquet, uma mulher completamente insana que sonha em construir um hotel de luxo naquele fim de mundo e divide a cama com dois serviçais, que a tratam como uma divindade. Ninguém sabe se ela é baronesa mesmo ou uma farsante.
A tensão entre os habitantes de Floreana cresce. Fredrich se desespera ao ver acabar o sonho de viver em completo isolamento. Sua mulher, Dore, tem ciúmes doentios da Baronesa, que seduz um milionário chefe de uma expedição etnográfica que chega a Floreana. O ricaço resolve fazer um filme sobre a Baronesa. Boa parte das imagens do documentário foram tiradas desse filme, “A Imperatriz de Floreana”.
A coisa não poderia acabar bem, e a paz na ilha termina de vez quando dois dos personagens somem misteriosamente. Teriam sido assassinados? Fugiram? O documentário vira uma trama policial, cheia de teorias de conspiração que duram até hoje (os diretores entrevistam moradores de Galápagos, que continuam a discutir os acontecimentos mais de 80 anos depois).
Enfim, um filme fascinante. Assista e diga se não parece mentira.
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