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Quatro notas musicais que mudaram o mundo

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Tam-tam-tam-taaaaaaammm…

Ninguém precisa ser fã de música clássica para conhecer o que é, provavelmente, a mais famosa abertura musical já composta: as quatro primeiras notas da Quinta Sinfonia de Beethoven. O que poucos sabem é que a Quinta não começa com uma nota, mas com uma pausa.

Desde 22 de dezembro de 1808, quando a sinfonia foi apresentada pela primeira vez, em Viena, a inspiração de Beethoven é motivo de discussões acaloradas entre musicólogos e historiadores. Alguns acham que o compositor se inspirou em poesia grega para criar a abertura. Outros têm certeza que ele usou como base a “Marselhesa”, que adorava. Anton Schindler, amigo e biógrafo de Beethoven – e malhado por especialistas por supostamente inventar “causos” e cascatas sobre o gênio alemão - diz que a ideia veio do canto de um pássaro, o verdilhão. Ouça:

Acabo de ler um livro sensacional e ainda inédito no Brasil: “The First Four Notes – Beethoven’s Fifth and the Human Imagination” (“As Quatro Primeiras Notas – A Quinta de Beethoven e a Imaginação Humana”), do norte-americano Matthew Guerrieri, uma espécie de ensaio sobre a origem e legado da sinfonia e o significado que ela tomou para o mundo nesses últimos 200 anos. Ou melhor, os significados, já que as interpretações são muitas.

firstfournotes Quatro notas musicais que mudaram o mundoGuerrieri começa tentando estabelecer como Beethoven criou a famosa abertura das quatro notas – três curtas, seguida por uma longa. A origem pode estar na Antiguidade, em poemas gregos que utilizavam uma estrutura semelhante chamada quartus paeon. Muitos diziam – e Schindler diz que o próprio Beethoven confirmou – que as quatro notas denotavam o “destino batendo à porta”.

A partir daí, Guerrieri atira para todos os lados e mostra como a Quinta se tornou tão famosa e admirada que adquiriu incontáveis interpretações. Tanto que, na Segunda Guerra, foi usada como tema pelos nazistas e pelos Aliados. O livro descreve como Wagner, Liszt, Schopenhauer, Adorno, Shostakovich, Karl Marx e até Malcolm X reagiram à sinfonia (em 1963, Malcolm X disse que “Beethoven era negro” e Martin Luther King usava o quartus paeon como base de muitos de seus discursos mais famosos).

O livro chega à música pop, à discoteca e ao heavy metal, e mostra como a sinfonia inspirou músicos como o guitarrista sueco Yngwie Malmsteem e o rapper norte-americano Kanye West. Outro caso curioso é do uso do padrão curto-curto-curto-longo para representar a letra “v” (de “vitória”) no código Morse, o que fez da Quinta a trilha sonora da vitória dos Aliados na Segunda Guerra.

Espero que alguém lance o livro no Brasil. É um trabalho muito interessante que consegue ser erudito sem ser chato ou professoral.

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