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Channel: Andre Barcinski
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Já viu “Making a Murderer”?

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O Netflix está exibindo, desde o fim de 2015, a série documental “Making a Murderer”. Assisti no fim do ano e a história acabou com os festejos natalinos e de Réveillon aqui em casa. Poucas vezes vi uma coisa tão triste e arrasadora.

Dirigida por Moira Demos e Laura Ricciardi, a série tem dez episódios e acompanha, durante cerca de dez anos, a vida de Steven Avery, morador do condado de Manitowoc, no estado de Wisconsin, norte dos Estados Unidos. Em 1985, Avery foi preso pelo estupro de uma mulher e passou 18 anos na cadeia, até ser libertado depois que testes de DNA provaram sua inocência.

O filme mostra como a polícia de Manitowoc colaborou decisivamente para a condenação de Avery, seja por falhas gritantes na investigação ou por não divulgar informações que poderiam provar sua inocência.

Mas a história não termina ali. Pouco depois de ser libertado e processar o condado de Manitowoc pelos 18 anos que passou na cadeia, Avery foi preso novamente, dessa vez acusado do assassinato de uma fotógrafa. Novamente, a polícia local pareceu ter agido com má-fé e feito de tudo para condená-lo.

A série acompanha em detalhes as investigações desse crime e levanta suspeitas terríveis contra a polícia, incluindo a de forjar provas e arrancar confissões de menores de idade com evidentes problemas mentais.

Os personagens parecem saídos da imaginação bizarra dos Irmãos Coen. Para começar, há Steven Avery e sua família, donos de um imenso ferro-velho de automóveis. Os Avery são considerados a escória da comunidade e unanimemente odiados por vizinhos. Steven é um sujeito simplório, dotado de um QI baixíssimo e que não parece ter noção da gravidade das acusações contra ele. Mas é um verdadeiro gênio se comparado ao sobrinho adolescente, Brendan, que é preso como cúmplice, mas só está preocupado em assistir a programas de luta-livre na TV.

Os policiais são igualmente estranhos, uma galeria medonha de psicopatas que parecem viver no tempo do faroeste (um deles, chefe da polícia local, diz a uma repórter de TV que teria sido mais fácil matar Steven Avery do que forjar provas contra ele). O promotor do caso diz aos jurados: “E daí se a polícia plantou provas contra Avery? Ele é culpado!”. A coisa toda parece um pesadelo.

“Making a Murderer” funciona como relato jornalístico de um caso intrigante, como desfile de personagens incríveis e como denúncia de um sistema judicial completamente falho e injusto. A série é viciante.

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