Em abril de 2014, fui ao Chile ver o festival Lollapalooza. O evento foi uma desgraça. A única coisa que se salvou foi a banda inglesa Savages. Na época, escrevi sobre elas:
Eu já tinha gostado muito do único disco da banda, “Silence Yourself”, mas, ao vivo, esse quarteto feminino de Londres é ainda melhor.
É chato falar de influências e comparar sonoridades ao descrever uma banda tão boa, mas não dá para citar as Savages sem lembrar bandas do pós-punk britânico como Gang of Four, Wire, Fall, Siouxsie and the Banshees e os primeiros discos do The Cure.
As Savages têm uma pegada sombria e fazem um som denso e atmosférico, cheio de climas soturnos, mas com partes muito pesadas e rápidas, marcadas por uma bateria tribal que lembra o Killing Joke e linhas de baixo que são puro Peter Hook, tudo embalado em um senso estético chique e cool. Bom demais.
A cantora Jehnny Beth tem um carisma gélido e comandou o público com uma presença cênica intensa e contida. E a guitarrista Gemma Thompson é um assombro: por vezes despeja riffs angulosos e agressivos como os de Andy Gill, do Gang of Four, ou usa efeitos e ecos para criar barulhos sombrios. Sua sonoridade lembra também a de East Bay Ray, genial guitarrista do Dead Kennedys.
Mesmo sem conhecer a banda, a plateia do Lollapalooza aplaudiu muito ao fim do show. As Savages botaram o festival inteiro no bolso.
Há uns dez dias, a banda lançou seu segundo disco, "Adore Life" (Matador). Nas primeiras audições, achei mais leve e menos agressivo que "Silence Yourself", mas bem mais variado e interessante.
Vejam o lindo clipe da faixa "The Answer":
A cantora Jehnny Beth parece continuar com sua fixação em Siouxsie. Ponto para ela.
As Savages passaram com louvor pelo vestibular do segundo disco e mostraram que não são daquelas bandas que vão sumir de repente. E "Adore Life" deve continuar em alta rotação aqui em casa por um bom tempo.
Um ótimo fim de semana a todos.
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