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“TRÊS AMIGOS” E NEONAZISTAS

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Se você ainda está de ressaca carnavalesca e não agüenta mais ouvir falar em ex-BBBs, VIPs dando chilique em camarote e nos quilinhos a mais da Mulher-Filé,  sugiro ligar no Telecine Cult hoje, às 22h, para uma sessão dupla das boas.

Pra começar, tem “Três Amigos!”, uma das comédias mais estúpidas e adoráveis dos anos 80. Só de ver Steve Martin, Chevy Chase e Martin Short de sombrero e montados num burrico – os três juntos - vale a noite.

O filme foi dirigido por John Landis, responsável por algumas das melhores comédias dos 70 e 80 – “Clube dos Cafajestes”, “Trocando as Bolas”, “Os Irmãos Cara de Pau”, “Um Príncipe em Nova York” – e diretor do clipe de “Thriller”, de Michael Jackson. Landis fez nossa adolescência muito mais feliz.

“Três Amigos” é de uma imbecilidade tão absoluta que, da ultima vez que vimos aqui em casa, minha filha de cinco anos disse que Martin Short era “muito bobo”. E é mesmo.

Logo depois, à meia-noite, é hora de botar as crianças pra dormir e ver “Atraiçoados”, de Costa-Gavras. O filme conta a história de uma investigadora do FBI que se infiltra em um grupo neonazista numa área rural de Michigan para investigar o assassinato de um radialista judeu. O filme traz dois ótimos atores, sumidos nos últimos tempos: Debra Winger e Tom Berenger.

“Atraiçoados” foi a terceira produção norte-americana dirigida pelo grego Costa-Gavras, que fez fama na Europa com “thrillers” políticos como “Z” (1969), “Estado de Sítio” (1972) e “Sessão Especial de Justiça” (1975). O sucesso o levou a Hollywood, onde dirigiu outros filmes excelentes, como “Missing” (1982), em que Jack Lemmon vai ao Chile procurar o filho, desaparecido durante a ditadura de Pinochet.

“Atraiçoados” foi a primeira colaboração de Costa-Gavras com o roteirista Joe Eszterhas. E se você lê inglês, sugiro comprar imediatamente “Hollywood Animal”, autobiografia de Eszterhas e um dos melhores livros que já li sobre os bastidores de Hollywood. Eszterhas era um jornalista musical da “Rolling Stone” e se tornou o roteirista mais bem pago do cinema nos anos 90 depois de escrever “Instinto Selvagem”.

A segunda parceria de Eszterhas com Costa-Gavras foi ainda melhor que “Atraiçoados”: “Music Box” (no Brasil, “Muito Mais Que Um Crime”, 1989), sobre uma advogada (Jessica Lange), descendente de húngaros, que acaba defendendo o pai (Armin Mueller-Stahl) quando ele é acusado de ser criminoso de guerra.

Mais chocante que o filme é a história por trás dela: Eszterhas, também descendente de húngaros, escreveu o roteiro sem saber que o pai, István, era um colaborador dos nazistas. Joe nunca mais falou com o pai depois disso. E sua carreira entrou em queda livre a partir de metade dos anos 90: ficou 12 anos sem conseguir emprego em Hollywood e em 2012 teve um projeto com Mel Gibson cancelado, depois que brigou com Gibson. Eszterhas lançou um livro sobre a experiência fracassada: “Heaven and Mel”.

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