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ABAIXO A DITADURA! (QUALQUER UMA)

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basrcinski ABAIXO A DITADURA! (QUALQUER UMA)

Hoje é aniversário de 50 anos do golpe militar. E, por favor, que ninguém chame de “revolução”. Foi golpe mesmo.

Independentemente do que você acha de Jango, se tem a convicção de que ele iria “instaurar uma ditadura comunista no Brasil” ou coisa parecida, lembre que ele havia sido eleito democraticamente e foi deposto antidemocraticamente.

Acho engraçado quando alguém defende o golpe militar com a desculpa de que só ocorreu para evitar uma ditadura de esquerda. Quer dizer que, para evitar uma ditadura sangrenta de esquerda, a solução é instaurar uma ditadura sangrenta de direita? Se a ideia era preservar a democracia, por que ficamos tanto tempo sem eleições diretas?

Da mesma forma, não consigo entender alguém que protesta contra a ditadura militar brasileira mas venera Fidel, que fez exatamente a mesma coisa: derrubou um governo para se instaurar antidemocraticamente no poder, matando, prendendo e torturando adversários políticos.

A discussão política no Brasil, hoje, chegou a um nível infantil. Ou você é um petralha que defende o fisiologismo e a roubalheira do governo, ou é um tucano reacionário que odeia pobres e reclama do Bolsa Família. Parece um jardim de infância, onde Juquinha e Zezinho ficam em lados opostos da quadra e escolhem os coleguinhas de seus respectivos times.

Nosso cenário político é terra arrasada. O governo não presta, e a oposição é igualmente fraca, incompetente e pouco confiável. Estamos largados aos cães.

Também acho curioso como algumas coisas não parecem ter mudado muito de 1964 para cá.

A tortura de presos políticos acabou, mas a violência contra cidadãos continua, em delegacias e quartéis, como demonstra o caso Amarildo.

Boa parte dos políticos que apoiaram a ditadura continua mandando no País, instaurados tanto no governo — Sarney, Maluf, Collor, Edison Lobão — quanto na oposição – José Agripino Maia, Jorge Bornhausen, Hugo Napoleão.

A exemplo do que ocorreu durante o Milagre Econômico Brasileiro do início dos anos 70, a política econômica do governo Lula criou uma bolha de consumo no País, mas não foi capaz de resolver problemas básicos do cidadão. Tanto na época de Médici quanto na de Lula, o povo comprou carros, TVs (e, mais recentemente, celulares), mas segue morrendo em hospitais infectos e os filhos estudam em escolas caindo aos pedaços. Nossa distribuição de renda continua uma vergonha.

Outras coisas que não mudaram: o fisiologismo, a corrupção, o favorecimento estatal às grandes empresas, o loteamento de cargos públicos e o aparelhamento político do governo e das estatais. Tudo como dantes do quartel de Abrantes.

Mas, por pior que esteja a situação, em um fator melhoramos muito: hoje temos o poder de sair dessa crise pelo voto, o que não ocorria durante a ditadura. É o que dá um fiapo de esperança.

P.S.: Estarei sem acesso à internet até o início da tarde e, portanto impossibilitado de moderar os comentários. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço um pouco de paciência. Obrigado.

P.S. 2: Amanhã começo uma série de quatro textos com a cobertura do Lollapalooza no Chile.

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