Até o Fim : Trailer legendado por thevideos no Videolog.tv.
Para começo de conversa, peço desculpas por ter demorado tanto para escrever sobre “Até o Fim”. Se o filme estiver passando nos cinemas de sua cidade, corra e assista. É um dos “thrillers” mais bonitos, criativos e emocionantes que vi em muito tempo.
A história é simples: um velejador solitário (Robert Redford) sofre um acidente com seu veleiro e tenta sobreviver. Só há um personagem. Quer dizer, só um personagem de carne e osso, porque o mar e o veleiro são tão importantes na narrativa, que podem ser considerados personagens.
O diretor, J.C. Chandor, 30 anos, que havia feito o ótimo drama político “Margin Call”, escreveu “Até o Fim” inspirado por lembranças de travessias marítimas com os pais.
Chandor teve a sabedoria de mostrar em detalhes os procedimentos que um velejador tomaria se enfrentasse os mesmos problemas que o personagem de Redford.
Diferentemente de filmes de ação hollywoodianos, que sempre pulam cenas consideradas supérfluas ou que diminuem o ritmo das narrativas, o diretor fez questão de desacelerar o passo. Ao ser confrontado com um problema (um buraco no casco, o rádio que não funciona, a aproximação de uma tormenta, etc.), Redford para, pensa, toma a decisão e começa a trabalhar, passo a passo, buscando a solução. O processo todo é lindamente mostrado.
Claro que Chandor tomou algumas liberdades poéticas, e velejadores experimentados podem achar alguns rombos de lógica (achei este artigo num blog americano de náutica, onde o autor levanta algumas questões interessantes), mas, no fim, o que vale é mostrar a luta de um homem para, sozinho e sem ajuda de nenhuma tecnologia moderna, tentar sobreviver num barco avariado, a 1700 milhas náuticas da costa da Sumatra.
Se você já velejou alguma vez na vida, tem uma boa ideia do que significa viajar sozinho num barco de 12 metros de comprimento pelo Índico, oceano sempre sujeito a tempestades e ciclones. Temos um amigo que possui um veleiro idêntico ao do filme – um Cal 39 – e só de pensar em cruzar o Índico naquilo, dá medo.
Voltando ao filme: Redford está fantástico. Sua atuação é contida e intensa. Aos 77 anos, mostra que não precisa saltar de prédios ou derrubar trinta bandidos com um soco para ser herói de filme de ação. E o fato de não ter outros personagens para contracenar só torna sua atuação mais incrível ainda. No filme todo, Redford não fala mais de duas frases, mas, quando fala, diz tudo com um só palavrão. Podia ser o primeiro ator da história a ganhar um Oscar por dizer “Fuck!”. Mas não foi nem indicado. Maldade com o coroa.
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