Dia desses, recebemos um e-mail de um casal amigo, pedindo sugestões de músicas para tocar no parto do primeiro filho. Mandamos nossa seleção: Nina Simone, Cartola, Jimmy Reed e Nelson Gonçalves.
Que pais de primeira viagem que não passaram meses planejando a chegada do primogênito? E tome escolher a primeira roupinha, a primeira meia, a primeira música que o pimpolho vai ouvir ao chegar...
Há seis anos, quando nossa filha estava para nascer, enchemos um MP3 player com músicas que julgávamos adequadas para a ocasião. As canções precisavam ser bonitas e tranquilas. Nada de Napalm Death ou Skinny Puppy.
O repertório tinha Nina Simone, Leonard Cohen, Noel Rosa, Jacques Brel, Aracy de Almeida, Ella Fitzgerald, Air, Tangerine Dream, Fábio Zanon tocado Villa-Lobos, Satie, Clementina de Jesus, Marvin Gaye, John Cale, Mutantes, Nico e muitos outros. A ideia era deixar o MP3 no modo randômico, para que não soubéssemos a música que viria a seguir. As apostas começaram em casa: que música estaria tocando no momento do parto?
Assim que a bolsa rompeu e chegamos ao hospital, liguei o aparelho. A primeira música da seleção foi “To Love Somebody”, dos Bee Gees, na versão insuperável de Nina Simone. Um ótimo começo.
Mas nossa filha parecia estar gostando tanto da música, que se recusava a sair. Quatro, cinco, sete, nove horas de contrações, e nada. A bichinha não se mexia.
O parto demorou tanto que deu tempo de familiares chegarem de várias partes do país e montar um acampamento no saguão do hospital. Só faltou a roda de violão.
Com dezesseis horas de parto, o obstetra disse que estava cogitando fazer uma cesariana: “Mãe e bebê estão muito cansadas; se não nascer na próxima hora, vamos pra cirurgia”.
Poucos minutos depois, o MP3 parou de tocar. A bateria tinha acabado. Para piorar, percebi que tinha esquecido o cabo em casa. Não haveria mais música no parto. O único som que se ouviria na sala seriam os gritos e grunhidos de minha mulher.
O anestesista sugeriu uma solução: ele tinha um celular com MP3 e poderia emprestá-lo. O sujeito espetou o telefone no som e soltou o primeiro disco que achou no arquivo: uma coletânea de Bruno e Marrone. Surtei: “Nem f...dendo minha filha vai nascer ouvindo Bruno e Marrone!” Constrangido, ele procurou algo mais adequado: “E Dire Straits, vocês gostam? E Capital Inicial? O Acústico MTV é muito bom...”
Nesse instante, veio uma contração mais forte, e nossa filha nasceu. Depois de dezessete horas de trabalho de parto, estimulação em água quente e o escambau, bastou o risco de vir ao mundo ouvindo o Dinho pra ela sair correndo da barriga.
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