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Cruzando o Pacífico numa jangada: a história de Thor Heyerdahl

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Há algumas semanas, escrevi aqui no blog sobre o caso do veleiro Satori, que em 1991 sobreviveu à famosa “Tempestade Perfeita” na costa leste dos Estados Unidos (leia aqui).

Alguns leitores recomendaram outro filme sobre uma grande aventura marítima: “Expedição Kon-Tiki”, uma produção norueguesa de 2012 sobre a famosa travessia do explorador e etnógrafo norueguês Thor Heyerdahl (1914-2002), que em 1947 viajou do Peru à Polinésia - oito mil quilômetros - numa jangada.

Vi o filme dias atrás, e é realmente muito bom. Será reprisado várias vezes a partir de amanhã (veja horários aqui). Não perca.

A história de Heyerdahl é fantástica. Ele viveu por dez anos em Fatu Hiva, na Polinésia, onde desenvolveu uma teoria segundo a qual povos incas teriam navegado do Peru à Polinésia, 1500 anos antes. Para provar, construiu uma jangada semelhante à usada pelos polinésios e partiu, junto com cinco outros exploradores, de Callao, no Peru, chegando ao Arquipélago de Tuamotu, na Polinésia Francesa, mais de cem dias depois.

Durante o trajeto, encontraram baleias, foram atacados por tubarões e enfrentaram tempestades. Registraram tudo com uma câmera Bolex de corda, e o resultado foi um documentário que venceu um Oscar. Veja aqui trechos do filme:

E aqui, um encontro com um imenso tubarão-baleia:

“Expedição Kon-Tiki” foi dirigido por Joachin Ronning e Espen Sandberg e indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2012 (perdeu para “Amor”, de Michael Haneke). É um grande filme de aventuras, com ótimos atores, uma produção caprichada e cenas lindas do Pacífico. Um programão para a famíli no fim de semana.

P.S.: Hoje vou ao Rock in Rio e escrevo segunda-feira sobre o festival. Bom fim de semana a todos.

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Metal e Baby/Pepeu reinaram no Rock in Rio dos selfies

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No meio do show do One Republic - uma dessas bandinhas pop das quais a gente nem vai lembrar o nome daqui a alguns anos - o vocalista Ryan Tedder virou-se para a plateia de 85 mil pessoas do Rock in Rio e começou a elogiar as outras bandas da noite: "E vocês, estão empolgados para ver o Queen? Eu Estou!" O público aplaudiu muito. "E que tal nosso amigos da Irlanda, o The Script? Demais, não?" Mais aplausos. De repente, Tedder fez o sinal do demo, levantou os braços e gritou: "E amanhã tem... Metalicaaaaaaa!!!". O povo delirou.

Foi um momento revelador desse Rock in Rio. Sem querer, Tedder - um pistoleiro de aluguel do pop que compõe hits chiclezentos para Madonna, Adele, Kelly Clarkson e Beyoncé - mostrou que não existe lá muita diferença entre as plateias de One Direction, The Script e Metallica. Tá tudo dominado. Virou tudo pop.

Essa mesmice é o objetivo de Roberto Medina e seu Rock in Rio. O empresário já disse várias vezes que o festival não é só de música, mas de "entretenimento", essa expressão ampla e meio indefinível que parece abarcar tudo que há de mais raso e medíocre na indústria dos grandes eventos - exibicionismo, culto aos Vips, beija-mão corporativo, desprezo absoluto pela inovação, ojeriza a qualquer tipo de polêmica, padronização de comportamentos e de perfis de público - o que resulta no Rock in Rio versão 2015, uma apoteose de selfies, filas e música ruim.

(E antes que alguém pergunte como um festival pode botar uma porcaria tão imensa quanto The Script para tocar pra 85 mil pessoas, vale lembrar que Queen, One Direction e The Script são da mesma agência, a CAA. Sabe a lógica do "Só leva Coca se levar Guaraná Taí? É a mesma).

Medina tem razão, o Rock in Rio não é um festival de música, é um parque de diversões com música no meio. Mesmo durante os shows, é impressionante o trânsito de pessoas andando em todas as direções. Os stands de patrocinadores tinham filas imensas. As pessoas faziam fila até para reciclar copos de plástico - e ganhar um brinde corporativo a cada dez copos reciclados, claro. Quem não quisesse ver os shows - e acredite, era muita gente - podia se divertir pulando de tirolesa, andando na roda-gigante ou tirando fotos com sósias de Freddie Mercury e Jimi Hendrix. Tinha até uma "Capela do Rock", onde são realizados dois casamentos por dia.

O triste é que o Rock in Rio não foi sempre assim. O festival teve seis edições, e as três primeiras - 1985, 1991 e 2001 - tiveram excelentes line-ups e não tinham essa aspecto de parque de diversões, que começaria em 2011. Quem pode esquecer o Rock in Rio de 2001, com R.E.M., Neil Young, Beck, Foo Fighters, Guns, Oasis, Red Hit Chili Peppers, Sting, Sheryl Crow e Queens of the Stone Age? Ou o de 1991, com Prince, Faith No More, Guns, INXS, Run DMC, George Michael, Happy Mondays, Santana, Joe Cocker e Judas Priest?

Outra diferença importante entre a primeira e segunda metades da trajetória do festival é como ele se tornou um programa de família, sem polêmicas e situações que fogem do controle. Em 1985, os metaleiros escorraçaram Erasmo Carlos; em 1991, Lobão saiu do palco sob uma chuva de lama, Prince deu piti no aeroporto e Axl Rose jogou uma televisão da janela do hotel; em 2001,cinco bandas brasileiras, incluindo Rappa, Jota Quest e Skank, boicotaram o festival, alegando favorecimento às bandas gringas, Nick Olivieri, do Queens of the Stone Age, foi preso ao entrar pelado no palco, Cássia Eller mostrou os peitos e Carlinhos Brown foi recebido por uma histórica chuva de garrafas plásticas. It's only rock and roll, and I like it...

Desde 2011, nesse formato Las Vegas-Disneylândia-Discovery Kids, o que houve de polêmico ou fora do script? Absolutamente nada.Uma pasmaceira só. O Rock in Rio virou um shopping ao ar livre, onde tudo é controladinho e não há o menor risco de nada sair do roteiro organizado por Medina.

SEXTA: APOTEOSE DOS COVERS

E os shows?

Difícil dizer. Para os jornalistas, que precisam voltar à sala de imprensa de tempos em tempos para enviar atualizações de notícias, é virtualmente impossível ver os shows perto do palco. No Queen, consegui chegar a uns 100 metros, e acabei assistindo pelo telão do palco, o que prova que, nesses megafestivais, é muito mais prático e justo - com artista e leitor - avaliar um show pela TV do que a duas léguas de distância do palco (não estou falando de fazer a cobertura do evento todo, claro, apenas do que acontece em cima do palco).

Os únicos shows que consegui ver inteiros foram os que cobri para a "Folha" - Rock in Rio 30 Anos e Queen + Adam Lambert.

Sobre o primeiro (leia o texto aqui), a única coisa que me veio à cabeça ao ver Frejat cantando "Pro Dia Nascer Feliz" pela trilionésima vez foi imaginar como seria a agenda pessoal do cantor:

Terça-feira: escovar os dentes, levar os filhos na escola, cantar 'Pro Dia Nascer Feliz', ir ao dentista...

Quarta-feira: natação de manhã, cantar 'Pro Dia Nascer Feliz', levar cachorro no veterinário...

Sobre o Queen, reitero tudo que escrevi na "Folha" (leia aqui): foi um bom show de uma banda cover do Queen.

SÁBADO: SÓ O METAL SALVA

noturnall1 Metal e Baby/Pepeu reinaram no Rock in Rio dos selfiesComo sempre acontece, o dia do metal e hard rock foi dos mais animados.

Os trabalhos já começaram de forma sensacional, com a banda paulista Noturnall. Se não viu, sugiro procurar uma gravação. Foi uma apoteose de todos os clichês e exageros do gênero, mas com uma sinceridade comovente. No meio do show, falei com um amigo, velho metaleiro de carteirinha, e combinamos nunca mais perder um show da banda.

O Noturnall não tem a estrutura de produção de um Kiss ou de um Motley Crüe, mas fez de TUDO para entregar um show memorável: trouxe um batalhão de meninas zumbis de shortinho fazendo pole dance e um boneco que parecia uma versão gabiru do Eddie, do Iron Maiden. O tecladista tocava um Ipad e fez o primeiro "Air Ipad" da história da música, enquanto o baterista inovou com uma bateria de TRÊS bumbos, o que levou muita gente a se perguntar quantas pernas tinha o rapaz.

Mas o melhor foi o cantor anunciando um convidado especial: "E agora com vocês... minha mãe, Maria Odete!" Só esqueceu de dizer é que era "a" Maria Odete dos festivais de música brasileira dos anos 60. Ela subiu no palco e arrebentou com uma versão hard rock de "Woman in Chains", do Tears for Fears.

noturnall Metal e Baby/Pepeu reinaram no Rock in Rio dos selfies

O público também foi um show, saudando o convidado do Noturnall, o cantor Michael Kiske, ex-Helloween, com gritos de "Olê, olê, olê, olê... Kiskêêêê... Kiskêêêê...". É por isso que eu amo metal.

Logo depois veio o Angra, que não é a minha praia, mas fez um show divertido. Também, com a presença de Dee Snider (Twisted Sister) cantando "We're Not Gonna Take It", até show do Criolo no SESC fica divertido.

As coisas ficaram bem mais sérias e pesadas com o Ministry, que detonou (leia minha critica na "Folha" aqui).

E aqui, uma bela entrevista com Tio Al:

Depois do Ministry, tive de correr à sala de imprensa para escrever e perdi Gojira e Korn. Mas quem viu o Korn disse que foi um show muito intenso e lotado. De fato, não dá para entender porque o Gojira toca no palco principal, e o Korn no secundário. Ou melhor, até dá, se lembrarmos que o Gojira já abriu vários shows do Metallica...

Fiquei bem surpreso com o Royal Blood, um duo de baixo e bateria inglês que só tem um disco e lembra uma versão mais "metal" do Black Keys. Só vi alguns pedaços - estava correndo atrás de outra matéria - mas o que vi me agradou demais.

E o Motley Crüe?

Bom, aquilo não dá pra levar muito a sério mesmo. Nem os próprios integrantes levam. Mas o repertório é muito legal, e ver Vince Neil quase tendo um AVC de tanto correr foi engraçado demais. Pra melhorar, vi boa parte do show ao lado de uma dupla de quarentões de bandana do Motley e jaquetas jeans com mangas cortadas e cheias de bottons, que pareciam uma versão adulta de Beavis e Butthead. Nunca ri tanto. Os comentários iam de "Qual você acha mais gostosa, a loura ou a morena?" a "P... que pariu! Isso que é rock de verdade, cacete!".

O encerramento foi, como sempre, com o Metallica (leia minha crítica aqui), e foi bem chato. Nunca vi a banda fazendo um show no piloto automático como esse. Estavam com a cabeça em outro lugar.

DOMINGO, O DIA DOS "NORMAIS"

O terceiro dia do Rock in Rio foi dedicado às famílias e pessoas normais (anormais somos nós, que gostamos de bandas indies islandesas e metal extremo; pessoas normais gostam de Elton, Rod Stewart e Paralamas).

Cheguei cedo pra ver Baby do Brasil e Pepeu Gomes, e valeu a pena. Foi o melhor show do dia. Os dois não tocavam juntos há 27 anos, e o reencontro foi carregado de emoção, com Pepeu e o filho do casal, o excelente guitarrista Pedro Baby, indo às lágrimas no palco.

Baby e Pepeu têm uma trajetória curiosa: nos anos 70 fizeram parte de um grupo muito influente, mas que não vendeu nada - Novos Baianos - e nos 80 gravaram algumas das melhores canções pop da década. Saudades de quando a música brasileira sabia produzir música acessível e de qualidade...

O repertório foi sensacional: "Telúrica", "Mil e Uma Noites de Amor", "Menino do Rio", "Todo Dia Era Dia de Índio" e "Masculino/Feminino", além de duas pérolas dos Novos Baianos, "A Menina Dança" e "Tinindo Trincando". Fora os duelos de guitarra entre Pepeu pai e Pepeu filho. Showzão.

Logo depois entrou o Magic!. A exemplo do One Republic, que é liderado por um compositor bastante requisitado no mundo pop adolescente - Ryan Tedder - o Magic! é um projeto de outro freelancer do pop, Nasri, um canadense que escreveu canções para Justin Bieber, Christina Aguilera, Shakira e outras tranqueiras, além de ter colaborado com a volta do New Kids on the Block. Obrigado, Nasri.

Cansado de ver outros brilharem nos palcos, Nasri percebeu uma lacuna no mercado - não havia nenhuma banda de reggae-pop chinfrim überproduzida que apelasse a meninas de 13 anos - e montou o Magic!, que lembra um grupo de estudantes argentinos invadindo Floripa, todos de regata velha com suvaco de fora, pulseiras de tecido e colares de miçangas.

Nasri é a lata do Marcos Pasquim e tinha no braço uma tatuagem de henna bem radical, escrito "Brasil". O som é um popzinho diluído e anêmico que faz o Cidade Negra parecer o Wailers. Mas as meninas de 13 anos adoraram, e cantaram junto os óbvios covers de Bob Marley e Police. É isso que importa, certo, Nasri?

Por causa das correrias e horários de fechamento, perdi Paralamas e Seal, mas tive o azar de ver John Legend, que foi pior que bater na mãe (leia aqui a crítica que fiz para a "Folha").

Vi também o ótimo show de Elton John (leia aqui), uma sucessão impressionante de clássicos do pop tocados por uma banda de primeira. E por sorte não precisei ficar para ver Rod Stewart.

P.S.: O blog volta com um texto inédito na quarta. Semana que vem tem mais Rock in Rio. Até lá.

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Quer ser um popstar? Aprenda com o tio Seal…

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Noite de domingo no Rock in Rio. Eu estava na sala de imprensa escrevendo sobre o show de John Legend, quando os fotógrafos voltavam da apresentação de Seal (nesses grandes festivais, a produção só permite que fotógrafos fiquem na área reservada em frente ao palco durante as três primeiras músicas).

O fotógrafo Eduardo Anizelli, meu colega da "Folha", disse que nunca havia presenciado um show tão fácil de fotografar, e que Seal tinha facilitado o trabalho de todos os fotógrafos e cinegrafistas. Ele contou que Seal andou - não correu, andou - pelo palco todo, parando em vários locais onde se aglomerava gente de imprensa e fazendo expressões e gestos de alto impacto visual - braços abertos enquanto jogava a cabeça para trás, punhos cerrados para o alto, etc. - com o cuidado de manter-se na posição por um bom tempo, para que nenhuma câmera perdesse aquelas poses.

Logo na primeira canção, Seal caminhou pelo corredor de seguranças de que divide o público, cumprimentando fãs e sendo abraçado. "Na primeira música, fiz todas as fotos que precisava", disse Anizelli.

Dei uma olhada nas fotos que ele descarregava no computador, e realmente a qualidade das imagens era impressionante: o jornal poderia escolher qualquer uma. Seal estava impecável em todas, sempre com uma expressão bacana ou fazendo um gesto visualmente impactante.

Alguém pode dizer: "Ah, mas o Seal tem quatro metros de altura e parece um top model, ele sai bem em todas as fotos". É verdade.

Mas Elton John, que tocou logo depois, não é um top model - baixinho, gordinho e com pinta de bibliotecário - e também sai bem em todas as fotos. Por quê?

Na primeira música de seu show, "The Bitch is Back", Elton sentou em cima no piano (veja a 1m20s). Foi a imagem que ilustrou a cobertura de incontáveis jornais e sites.

Agora veja um trecho de um show de Elton na Flórida, em março:

E outro trecho, dessa vez do show do cantor no mesmo Rock in Rio, em 2011:

Elton repete o artifício de sentar em cima do piano em todos os shows, exatamente no mesmo ponto da música. E a razão é simples: ele sabe que fotógrafos só podem trabalhar por três músicas, e que precisa dar a eles boas imagens nesse curto intervalo de tempo.

Quando um popstar atinge o nível de fama e profissionalismo de Elton John, não há um segundo de seu show que não tenha sido testado e aprovado. Mesmo Bruce Springsteen, conhecido por sua interação com a plateia e "improviso", costuma repetir gestos e frases de efeito que sempre funcionam com grandes plateias.

Essa padronização dos grandes concertos sempre existiu, mas ganhou força nos anos 1990, com a popularização do uso de grandes telões em concertos. O astro pop aprendeu a usar os telões e aprendeu que, tão importante quanto agradar ao público da fila do gargarejo, é se comunicar com o infeliz que estava na centésima fileira da arquibancada. Fora que a quantidade de pessoas num show é infinitamente menor do que o número que verá as imagens do show na mídia.

Em 2010, fui ao show de Paul McCartney no Morumbi e encontrei um amigo jornalista, que já tinha visto uns cinco shows da mesma turnê. Ele conseguia antecipar todos os gestos de Macca: "Agora ele vai dar um suspiro, olhar pro alto da arquibancada e perguntar se eles estão se divertindo; depois vai olhar pro outro lado, gritar 'Good evening, São Paulo!', e dizer tal coisa...". Não errou uma.

No Rock in Rio de 2013, o vocalista do Nickelback, Chad Kroeger, usava um artifício muito esperto para vender mais discos: anunciava toda música que a banda ia tocar, com cuidado de dizer em que álbum poderiam ser encontradas.

Alguém acha que Kroeger tirou isso da cabeça, num rompante de tino comercial, ou foi treinado por algum gênio do marketing? Ninguém vende 50 milhões de discos à toa.

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Por que o rock não rola na cidade da bossa nova?

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 Por que o rock não rola na cidade da bossa nova?Hoje começa o segundo fim de semana do Rock in Rio.

Passei os três dias de intervalo do festival na Cidade Maravilhosa, e os assuntos que dominavam as conversas de todos - do porteiro do prédio ao motorista do táxi, passando pelo garçom do Braseiro de Copacabana - eram o Rock in Rio e os arrastões na praia.

O taxista disse que estava louco para conhecer a Cidade do Rock. Perguntei que show ele queria ver. "Qualquer um ", respondeu, "quero mais é ver a zona".

Um conhecido contou que os pais foram assistir a Elton John e Rod Stewart e adoraram o evento: "Acharam super bem organizado; até os banheiros estavam limpos".

Nenhuma palavra sobre os shows. Zero.

Na sexta, 18, primeiro dia do festival, andei bastante para ver a movimentação do público. No palco Rock Street tocava uma banda de forró-samba-choro excelente, chamada Rabo de Lagartixa. Apesar do som animado e dançante, pouca gente parou para ver. A maioria continuava andando. O curioso é que não havia nada para ver em frente, já que a pista de eletrônico ainda não estava aberta.

As pessoas andavam como gado, sem direção ou objetivo. Andavam por andar.

Depois de três dias de festival, cheguei a uma conclusão: o público médio gosta do Rock in Rio porque o festival emula a maior diversão do carioca, que é bater perna e olhar a paisagem.

Seja na Vieira Souto, na Atlântica, em Santa Teresa ou à noite na Lapa, nada dá mais prazer ao carioca do que andar a esmo por aí, parando de vez em quando para tomar um chopp ou bater papo com um conhecido. E se no caminho houver um banquinho e um violão, melhor ainda. O negócio é ver o barquinho indo e a tardinha caindo...

Isso não é uma crítica ao carioca, muito pelo contrário: qualquer povo que desfrutasse dessas paisagens e desse sol faria o mesmo.

A experiência de ir ao Rock in Rio é exatamente essa, mas na versão Barra da Tijuca: no lugar do Posto Nove, um descampado de grama artificial; em vez de um velho boteco empoeirado, uma rede de fast food vendendo hambúrguer requentado a preço de bistrô, e no lugar do sambinha, o Metallica ou o Elton John.

O sucesso do Rock in Rio em outras cidades - Lisboa, Madri - e a enorme quantidade de turistas no festival mostram que esse modelo de evento, em que a música é só uma das muitas atrações de um verdadeiro parque temático, tem fãs em todo o mundo, não só no Rio. A música realmente não importa tanto. E isso tampouco é uma crítica aos frequentadores, mas uma constatação.

O resultado é que a massa só anda, anda e anda, vendo shows aos pedaços, parando para bater papo com amigos e tuitando. Em vez de tirar foto sentado ao lado da estátua do Drummond, o lance é fazer selfie usando a peruca do Slash, que um banco espertamente colocou ali. E os patos vão cantando alegremente, quém, quém...

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A noite foi de QOTSA, Deftones e Lamb of God

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De cara, o público da quinta, 24 de setembro, era bem diferente daquele que lotou o Rock in Rio para ver Queen cover, Elton John e Rod Stewart.

Assisti a boa parte do show do Lamb of God no mesmo local onde vi, na noite de domingo, um poseur chamado John Legend, e o número de pessoas tuitando e batendo papo durante o show do LoG era incomparavelmente menor.

Para o meu gosto, a noite de quinta foi a melhor do festival até agora.

Não posso dizer que sou grande fã do Lamb of God ou que passo meus dias ouvindo seus discos, mas o show foi demais. Se eu tivesse 17 anos, teria sido o show da minha vida.

A banda faz uma mistura poderosa de metal com hardcore, e não alivia na velocidade por um segundo. O baterista é um animal completo.

Um telão exibia imagens violentas e sangrentas - cenas de guerras no Vietnã e Afeganistão, imagens de campos de concentração nazistas na Segunda Guerra, manifestações de rua, os assassinatos de John Kennedy e Martin Luther King - que complementavam visualmente as letras sempre agressivas de Randy Blythe.

Aliás, se tiver chance, assista ao documentário "As the Palaces Burn", sobre um evento trágico que quase acabou com a banda: em 2010, durante um show na República Tcheca, o cantor empurrou um fã de 19 anos que havia subido no palco. O palco não tinha mais de um metro de altura. O rapaz caiu no chão e bateu a cabeça, mas continuou curtindo o show. Horas depois, no caminho de casa, passou mal e morreu. Blythe só ficou sabendo da morte do fã dois anos depois, quando foi preso pela polícia tcheca numa escala de vôo em Praga. O cantor ficou em cana por 38 dias e acabou inocentado pelo júri.

Tive de correr à sala de imprensa para escrever sobre o Lamb of God e perdi o CPM 22. Mas que foi impressionante ver quanta gente cantou as músicas, foi. Os caras são muito mais populares do que eu imaginava.

Aí foi a vez do Deftones. Depois da paulada do Lamb of God, foi bom ouvir uma banda que não precisa ser rápida para soar pesada e intensa. Já tinha visto alguns shows deles - o último há uns dez anos - e achei este mais lento e grooveado, e um dos melhores.

É muito legal perceber como a banda de Chino Moreno amadureceu nesses vinte e tantos anos, incorporando elementos de hip hop, timbres eletrônicos e até de stoner rock. Em alguns momentos o som lembrava até Kyuss. Achei demais.

De lá, mais uma corrida à sala de imprensa, dessa vez para mandar o texto do Deftones, o que me fez perder a maior banda cover do mundo, o Hollywood Vampires.

Horas antes eu havia falado com Andreas Kisser, do Sepultura, um dos convidados do HV, que me contou uma história bem interessante sobre os bastidores da banda.

Na tarde de quarta-feira, Andreas subiu ao palco da Cidade do Rock debaixo de um calor de 40 graus para a passagem de som, onde encontrou os integrantes da superbanda: Alice Cooper nos vocais, Joe Perry (Aerosmith) e o astro do cinema Johnny Depp nas guitarras, Duff McKagan (Guns N' Roses) no baixo e outro membro do Guns, Matt Sorum, na bateria.

Mas quem comandava tudo era um coroa baixinho e careca, que dizia para onde Alice Cooper tinha de andar durante determinada música, orientava Joe Perry sobre a hora de solar, e indicava a Johnny Depp quando ele deveria juntar-se a Perry no centro do palco.

Não existem muitos sujeitos no mundo com moral para dizer a Alice Cooper, Joe Perry e Johnny Depp o que fazer. Mas Bob Ezrin é um deles.

Ezrin, 66, é um produtor lendário, responsável por alguns discos bem fraquinhos e desconhecidos como "Destroyer" (Kiss), "The Wall" (Pink Floyd), "Billion Dollar Babies" (Alice Cooper) e "Berlin" (Lou Reed). Também é produtor do Hollywood Vampires. Fraquinho o sujeito.

Depois do Hollywood Vampires, veio o show que eu mais aguardava na noite, o Queens of the Stone Age.

Infelizmente, não consegui ver o show como deveria: por causa do horário de fechamento da "Folha", tive de ver as oito primeiras músicas e correr à sala de imprensa para mandar um texto curto em 20 minutos. Quando voltei, a banda tocava as duas últimas, "Go With the Flow" e "A Song for the Dead".

Fora que vi de lado e de longe. Teria sido bem melhor assistir pela TV. O que vi, gostei demais, apesar de muito curto. Mas show de festival é assim: o de hoje teve 14 músicas; ano passado, quando o QOTSA tocou sozinho no Brasil, os shows tiveram 21 canções.

Quem encerrou a noite foi o System of a Down. Vi de um lugar privilegiado: do quarto do hotel, caindo no sono. E toca dormir, que daqui a pouco tem Mastodon e Faith No More.

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Mastodon: o melhor do dia mais vazio

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mastodon Mastodon: o melhor do dia mais vazioSexta, dia 25, foi o dia mais vazio do Rock in Rio até agora.

Quão vazio?

Sinceramente, não dá pra afirmar, porque a assessoria de imprensa do festival, sempre tão solícita quando alguma subcelebridade do "BBB" está na área VIP doida pra aparecer, não divulgou, pelo menos até a meia-noite de sábado, um número oficial de ingressos vendidos.

O que posso dizer é que havia bem menos gente do que outros dias. Chuto uns 50% do público que foi ver o System of a Down na quinta, e menos da metade da noite do Queen Cover.

Peço desculpas antecipadas aos leitores, mas hoje perdi mais shows do que consegui ver.

Cheguei ao festival bem a tempo de ver o metal sinfônico do Nightwish (leia aqui minha crítica pra "Folha"). Não é a minha praia, mas foi muito bonito ver os metaleiros brasileiros cantando letras sobre mitologia nórdica. Metal dificilmente decepciona.

Depois do Nightwish, corri à sala de imprensa para escrever o texto e perdi o De La Tierra. Por sorte, o editor pediu um texto com uma análise dos primeiros dias do festival, o que me fez perder o show de Steve Vai.

Mas não perdi o Mastodon, que foi lindo. Melhor show do dia, na minha opinião: um stoner metal cabuloso, mas que perdeu bastante no palco grande. Diferentemente de Korn e Deftones, que tocaram no palco menor e mereciam o maior, o Mastodon seria melhor ainda no Sunset.

Depois foi a vez do Faith No More. E a exemplo do que ocorreu comigo no Queens of the Stone Age, só consegui ver o show aos pedaços, tendo de correr à sala de imprensa para mandar um texto no meio da apresentação.

Gosto muito da banda e dos caras, mas achei o show desanimado. O som estava muito mais baixo do que no Mastodon, e não ajudou. Mas desconfio que a performance de Mike Patton possa ter sido prejudicada por um incidente que poderia ter sido bem mais grave do que foi.

Na terceira música do show, "Caffeine", Mike tentou pular na plateia - uma insanidade, já que a distância era grande - mas ficou com o pé preso no fio de um microfone e caiu em cima da grade que separava os fotógrafos do público. Pessoas que presenciaram a cena disseram não saber como ele conseguiu voltar ao palco e continuar o show.

Veja aqui a foto absolutamente antológica que meu colega da "Folha", Zanone Fraissat, fez do voo kamikaze de Mike Patton.

Bastou pra mim, que saí correndo e vi parte do Slipknot do hotel. E melhor: verei o resto do Rock in Rio de casa.

O blog volta com um texto inédito na terça, dia 29. Ótimo fim de semana e fim de Rock in Rio para todos.

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Filme de Keith Richards parece obra do Procure Saber

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Se você quiser ter uma ideia de como seriam os documentários se o mundo fosse dominado pelo Procure Saber de Caê, Gil e o "Rei" Roberto, basta assistir a "Keith Richards - Under the Influence", que estreou esses dias no Netflix.

O filme é um festival de puxa-saquismo, diplomacia e elogios, sem um pingo de ousadia ou espírito jornalístico. Deixaria o Procure Saber orgulhoso.

Dirigido por Morgan Neville, vencedor do Oscar de melhor documentário pelo piegas "A Um Passo do Estrelato", o filme é uma eulogia a Richards e à mitologia que o cerca, sem nenhuma preocupação em explorar as ideias, idiossincrasias e pensamentos do guitarrista.

Basicamente, é um comercial de 81 minutos sobre o novo disco de Richards, "Crosseyed Heart". O guitarrista aparece tocando várias músicas do LP e batendo papo com os músicos que o acompanham.

Essas cenas são intercaladas por reminiscências de Richards sobre sua vida, a música que o marcou e os amigos que se foram, como Gram Parsons e Muddy Waters. Nada que qualquer fã dos Stones não tenha visto um milhão de vezes.

Há cenas que vão interessar aos fãs: ver o técnico de guitarra de Richards mostrando as peças mais raras da coleção do músico, incluindo um violão de 1928 idêntico ao do bluesman Roberto Johnson, é muito legal. Mas não basta.

Keith Richards é um dos poucos artistas que podem ser considerados ícones do rock. Ele não só inventou a persona do roqueiro rebelde e fora de controle, mas foi um símbolo - junto a Elvis e poucos outros - do conflito de gerações que surgiu com a explosão do rock'n'roll.

Hoje é difícil entender o que foi esse conflito. Mas basta assistir a um filme como "Charlie is My Darling", sobre uma turnê dos Stones pela Irlanda, em 1965, para ter uma ideia do abismo geracional que os Stones simbolizaram.

Seria muito interessante ouvir as opiniões de Keith Richards sobre isso, saber como um moleque de vinte e poucos anos se sentiu ao ser considerado inimigo público pela maioria da sociedade e herói pelos jovens.

Como Richards via a contracultura? Qual o papel dos Stones - e dele, Richards, em particular - nas batalhas velho vs. novo que ocorreram em 1968? O que ele acha do fato de os Stones terem se tornado "o sistema" que eles tanto criticavam?

Morgan Neville teve uma chance de ouro. Infelizmente, escolheu a saída mais fácil e fez um filme anêmico, frouxo e sem graça, que trata Richards como realeza. Conseguiu a proeza de fazer um filme INTEIRO sobre Keith Richards em que as palavras sexo e drogas não são sequer mencionadas. Parabéns, Morgan. Que tal um documentário sobe Roberto Carlos agora?

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Quem visita a Praça Mauá passa a odiar o Minhocão

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simulaçao porto rio 700 Quem visita a Praça Mauá passa a odiar o MinhocãoQuem acompanha o blog sabe que sempre critiquei a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil. Com raras exceções, o “legado” desses megaeventos será uma coleção de estádios superfaturados e subutilizados.

Mas há uma obra que, acredito, será muito boa para o Rio de Janeiro: a demolição do viaduto da Perimetral, uma monstruosidade que cortava a zona portuária da cidade, passando por cima de locais históricos como a Praça Quinze e a Praça Mauá.

Estudei por muitos anos no centro do Rio, bem próximo à Praça Mauá, e me acostumei à escuridão, imundície e feiura causadas pela Perimetral. Estive na “nova” Praça Mauá esses dias, e foi chocante ver a diferença.

Sem o monstrengo, a paisagem se transformou: famílias passeavam pelo local apreciando a vista da Baía da Guanabara e dos imensos navios ancorados no Porto; gente andava de bicicleta e parava para tomar um sorvete num food truck. O lugar renasceu.

Acho que todo paulistano deveria visitar a Praça Mauá para ter um gostinho de como poderia ser a vida de São Paulo sem o Minhocão, aquela bagaceira de 2,5 km criada por Paulo Maluf nos anos 70 e que corta alguns bairros que, antes da obra, estavam entre os mais charmosos da cidade: Santa Cecília, Campos Elíseos e Vila Buarque.

minhocao hg 20100521 300x225 Quem visita a Praça Mauá passa a odiar o Minhocão

Também sugiro aos moradores do Rio Comprido, no Rio de Janeiro, que visitem a Praça Mauá e imaginem seu bairro sem o Viaduto Paulo de Frontin, aquele troço que acabou com o bairro.

Muita gente pode argumentar que essas obras foram feitas para ajudar o trânsito e que suas demolições piorariam o tráfego nas cidades. Concordo. Mas não é possível sacrificar bairros inteiros para poupar alguns minutos de engarrafamento.

Que se façam túneis ou se desviem o trânsito. Alguma solução precisa ser encontrada. O que não dá é para prejudicar regiões importantes da cidade e a vida de seus moradores. E quem ainda tem dúvida, que dê um pulo na Praça Mauá.

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Brian Wilson: gênio atormentado

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“Love and Mercy”, a cinebiografia do líder do Beach Boys, Brian Wilson, deveria ter estreado no Brasil em agosto, foi adiado para setembro e agora tem nova data: 19 de novembro. Mas quem não aguentou a lerdeza da distribuidora já viu o filme no Cine Torrent.

O roteiro é do jornalista Alan Michael Lerner e do cineasta e roteirista Oren Moverman, um sujeito talentoso que dirigiu e escreveu (com James Ellroy) um de meus filmes prediletos dos últimos anos, “Um Tira Acima da Lei”, com Woody Harrelson.

Lerner e Moverman optaram por uma estrutura interessante e pouco convencional para contar a história de Wilson: o filme é dividido em duas partes – os anos 60 e os 80 – e o personagem é interpretado por dois atores. Paul Dano faz o Brian Wilson jovem e sonhador dos 60, e John Cusack interpreta o farrapo humano em que ele se transformou nos 80, depois de anos de abuso de drogas, remédios e espancamentos na mão do pai, um sádico chamado Murry.

O filme é até bonzinho com Murry. Ele aparece dando um tapa na cabeça de Brian (Dano), que causou surdez quase total em um dos ouvidos. Na cena, Brian é mostrado adolescente, mas na vida real as porradas começaram quando ele era apenas um bebê de dois anos de idade.

Quem quiser saber os detalhes mais brutais do relacionamento de Murry com os filhos Brian, Carl e Dennis, deve ler o capítulo sobre Brian Wilson na coletânea “The Dark Stuff”, do jornalista britânico Nick Kent. O livro, infelizmente, nunca saiu no Brasil.

Kent relata como Murry não só batia nos filhos com cintos e porretes, mas os submetia a torturas psicológicas apavorantes, trancando as crianças em armários escuros e outras barbaridades. Murry havia perdido um olho em um acidente industrial e era tão louco que tinha dois olhos de vidro, um “normal” para uso diário, e um vermelho, que usava quando acordava de ressaca, o que não era nada incomum. Também não tinha parte de uma orelha, arrancada pelo próprio pai, um sádico ainda pior que ele.

Dos três irmãos, Brian era quem mais sofria com a violência do pai, não só por ser o mais velho, mas por ser o mais sensível e carente. Toda sua obra – canções quase infantis em sua busca por amor e carinho – pode ser vista como um apelo desesperado pelo afeto que nunca teve em casa. Enquanto isso, Murry, que sonhara em ser um compositor de sucesso, tinha grande inveja do talento do filho e fazia questão de humilhá-lo e criticar suas músicas.

Sobre “Love and Mercy”, achei a metade interpretada por Paul Dano bem superior à de John Cusack. A primeira mostra o processo de composição das principais canções de Brian – “God Only Knows”, “Good Vibrations”. As cenas no estúdio, em que Brian era acompanhado por um grupo extraordinário de músicos chamado “The Wrecking Crew”, são demais (leia aqui um texto do blog sobre a Wrecking Crew).

Eugene Landy and Brian Wilson 300x254 Brian Wilson: gênio atormentadoJá a parte com John Cusack é mais dramática. Ali, Brian é dominado pela segunda figura paterna e nociva em sua vida, Eugene Landy (Paul Giamatti), um bandido com diploma de psicólogo que inventou um método terapêutico que consistia em controlar a vida de Brian 24 horas por dia e entupi-lo de remédios. Em pouco tempo, Landy havia se tornado empresário, consultor e até parceiro musical de Brian, que só conseguiu fugir do controle do médico com a ajuda de sua segunda esposa, Melinda (Elizabeth Banks).

Essa parte do filme se concentra na luta de Melinda para salvar Brian, e o tom melodramático lembra uma novela de TV. O filme foi aprovado por Brian, e certamente por isso evita mostrar passagens mais tristes de sua vida, como os três ANOS que passou deitado na cama, as overdoses de drogas e os inúmeros surtos psicóticos que sofreu. Apesar disso, “Love and Mercy” é um filme muito acima da média. Vamos torcer para que passe logo por aqui.

E por falar em Brian Wilson...

O dólar está pela hora da morte, então comece a economizar já.

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Quem precisa de vocais?

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Já escrevi muito aqui no blog sobre músicos de estúdio, esses heróis anônimos do pop que muitas vezes não recebem nem créditos nos discos.

Alguns desses músicos não se conformaram em ser apenas coadjuvantes e lançaram seus próprios trabalhos.

Aqui vão cinco bandas instrumentais – ou quase sem vocais – ideais para ouvir num domingo de chuva.

The Meters
Uma reunião de alguns dos maiores músicos de uma das cidades mais musicais do mundo – New Orleans – resultou no The Meters, extraordinária banda de estúdio cujos integrantes gravaram com Paul McCartney, Keith Richards, Dr. John, Robert Palmer e centenas de outros. Os discos misturam funk, soul e grooves sinuosos, cortesia de um dos maiores bateristas que o planeta já conheceu: Zigaboo Modeliste.

Banda Black Rio
Se você não conhece o disco “Maria Fumaça” (1977), sugiro ouvi-lo agora mesmo. É a síntese perfeita do som dançante, animado e extremamente bem tocado dessa banda que fez a alegria de produtores brasileiros e de artistas como Tim Maia, Caetano Veloso e Raul Seixas.

M.F.S.B.
Ninguém sabe ao certo quem fazia parte do M.F.S.B.. O que se sabe é que era um grupo de cerca de 30 músicos de estúdio que, nos anos 70, passavam os dias no estúdio Sigma Sound, na Filadélfia, e gravaram quase todas as músicas do selo Philadelphia International (leia aqui um texto que fiz sobre a gravadora). O M.F.S.B. ajudou a criar a base do som que viria a ser conhecido por discoteca.

Azymuth
Trio de músicos fora de série (Ivan Conti, Alex Malheiros e José Roberto Bertrami) que gravou mais de 20 discos de jazz-samba-bossa instrumental, fez mais sucesso no exterior do que no Brasil, e ainda participou de gravações de boa parte da música brasileira: Odair José, Elis, Tim Maia, Rita Lee e muitos outros. Bertrami morreu em 2012, mas os remanescentes ainda tocam juntos e farão um show em São Paulo dia 10 de outubro, dentro do festival Lo-Fi Jazz. Não perca.

Booker T. and the M.G.’s
Provavelmente a mais conhecida e admirada banda de estúdio da história da música pop, gravou uma infinidade de sucessos do selo Stax, de Memphis, incluindo canções clássicas de Wilson Pickett, Otis Redding, Sam & Dave e Albert King, entre muitos outros. Também lançou hits próprios, faixcas instrumentais e dançantes como “Green Onions” (1962) e “Hang ‘Em High” (1968).

Bom fim de semana a todos.

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Ciência brasileira: agora vai!

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pansera Ciência brasileira: agora vai!O sujeito sorridente aí da foto é o novo chefão da ciência brasileira. Celso Pansera, deputado federal (PMDB-RJ) foi indicado Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação pela presidente Dilma.

Pansera é o quinto ministro da pasta no governo Dilma e sucede a Aldo Rebelo, famoso na comunidade científica por acreditar que o aquecimento global era uma farsa imperialista e propor uma lei que proibia a adoção de qualquer tecnologia que tirasse o emprego de alguém.

E que qualificações tem Pansera para liderar a ciência brasileira? Bom, ele foi presidente da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) no Rio de Janeiro e da Comissão da Crise Hídrica do Brasil. Também é dono de um restaurante self-service em Duque de Caxias chamado Barganha. Mas seu grande trunfo é ser fiel escudeiro do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (um dos delatores no escândalo do Petrolão, o doleiro Alberto Youssef, disse que Pansera era “pau mandado” de Cunha e o acusou de tentar intimidá-lo; Pansera nega). Cunha, vale lembrar, mentiu à CPI da Petrobras, da qual Pansera faz parte, ao afirmar que não tinha contas secretas na Suíça.

Nem a própria Dilma, também saudada pela comunidade científica por inventar a “Mulher sapiens” e classificar a cooperação e o fogo como “conquistas tecnológicas”, queria Pansera na Ciência, Tecnologia e Inovação. Tanto que pediu ao Ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (que Fernando Gabeira chama de “Eliseu Quadrilha”) e ao Ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, que ficassem com a pasta, mas eles se recusaram. Sem outra opção, a presidente confirmou Pansera no cargo.

Enquanto isso, a ciência brasileira definha.

Uma reportagem da revista britânica “Nature” – “Ciência brasileira paralisada pela crise econômica” – mostra o estado miserável da pesquisa científica no país, com estudos paralisados por falta de repasses, cortes de verbas governamentais e atrasos de pagamentos contratados. A verba do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação vem caindo todo ano desde 2013, e para o ano que vem sofrerá um corte de 24% em relação a 2015.

Alguns cientistas brasileiros tiram grana do próprio bolso para continuar seus trabalhos. Sugiro ler essa reportagem da revista “Época” sobre a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, da UFRJ, para se ter uma ideia da incompetência e burocracia estatais que profissionais da ciência precisam enfrentar para continuar trabalhando.

Mas não temam: Celso Pansera vem aí.

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Música pop: o que a Suécia tem?

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max martin Música pop: o que a Suécia tem?Ontem foi lançado nos Estados Unidos um livro que promete ser formidável: “The Song Machine: Inside the Hit Factory”, de John Seabrook, repórter da revista “The New Yorker”. O livro fala da música pop dos últimos 20 anos e do sucesso de artistas inventados em laboratório, como Britney Spears, Beyoncé, Rihanna, Katy Perry e Kelly Clarkson. Mas os grandes personagens da narrativa são nomes pouco conhecidos do grande público: Max Martin, Dr. Luke, Stargate e Ester Dean, bruxos de estúdio que inventaram esses Frankensteins sonoros. Já encomendei meu exemplar e escreverei sobre o livro aqui no blog (leia aqui um perfil que fiz de Dr. Luke).

Semana passada, John Seabrook publicou um aperitivo no site da “New Yorker”: um curto perfil de um sueco cabeludo de 44 anos chamado Karl Martin Sandberg, mais conhecido por Max Martin (foto acima). Escreve Seabrook: “Martin é o Cyrano de Bergerac da cena pop atual, o poeta escondido embaixo da sacada, sussurrando as melodias que fizeram as carreiras de muita gente: ‘Baby One More Time’, de Britney Spears, ‘Since U Been Gone’, de Kelly Clarkson, e ‘I Kissed a Girl’, de Katy Perry. As músicas que ele coescreveu ou coproduziu para Taylor Swift, incluindo seus oito sucessos mais recentes, a transformaram de uma cantora popular em uma popstar capaz de lotar estádios (a recente turnê ‘1989’ já faturou 150 milhões de dólares)”.

Fã do pop dos anos 80 (Depeche Mode, Bangles) e do rock pesado do Kiss, Martin é responsável por 21 músicas que lideraram a parada da revista “Billboard”. Seabrook diz que o som característico das produções de Martin mistura os acordes e texturas pop do ABBA, refrãos do rock de arena dos anos 80 e grooves de R&B norte-americano dos anos 90.

Um dado impressionante do artigo: 25% das músicas que chegaram ao Top 10 da “Billboard” em 2014 foram compostas ou produzidas por suecos como Max Martin, Andreas Carlsson, Jörgen Elofsson e Per Magnusson. Um número incrível para um país de apenas 10 milhões de habitantes.

O que leva a uma questão que sempre intrigou fãs de música pop: como a Suécia pode ter tantas bandas e produtores de sucesso? Desde os anos 70, a lista só cresce: ABBA, Roxette, Europe, Ace of Base, Cardigans, Robyn e, mais recentemente, Swedish House Mafia, Icona Pop e Avicci.

Seabrook tem explicações muito interessantes para o fenômeno: em primeiro lugar, ele credita um eficiente e abrangente sistema de educação musical em escolas públicas (o próprio Max Martin é um exemplo, tendo estudado diversos instrumentos na escola).

Em segundo lugar, diz Seabrook, as canções folclóricas e hinos suecos trazem elementos melódicos simples e muito “apelativos” (o autor diz que até o hino nacional sueco lembra uma música pop).

Some-se a isso o altíssimo número de suecos que falam inglês (cerca de 90% da população), uma xenofilia explícita, especialmente em relação a culturas anglo-americanas, o grande interesse da população por tecnologia e a extraordinária infraestrutura de Internet do país, e você tem condições ideais para o surgimento de muitos profissionais da música.

Mas Seabrook vai além: segundo ele, embora a grande maioria dos suecos fale inglês, muitos o fazem de maneira simplória, sem arriscarem metáforas, duplos sentidos ou ironias. Isso faz com que as letras escritas em inglês soem muito simples, quase infantis, o que pode explicar sua acessibilidade. Não é à toa que todas as letras do ABBA parecem ter sido escritas por um adolescente.

“Suecos são mais inclinados a encaixar as sílabas nas melodias, sem se preocupar se os versos fazem algum sentido”, escreve Seabrook. Esse método foi aperfeiçoado cientificamente por Max Martin, que tem uma grande equipe para auxiliá-lo no que chama de “matemática melódica”, um método laborioso e detalhista de construção de letras em cima da base sonora.

Resumindo: os hinos pop adolescentes cantados por Katy Perry e Taylor Swift não refletem os anseios e desejos das teenagers americanas, mas versões desses anseios imaginados por um sueco quarentão que ama o Kiss e parece cantor de banda de metal farofa. Isso, amigos, é pop.

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“The Jinx”: mais estranho que a ficção

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A HBO estreou essa semana “The Jinx”, uma minissérie documental em seis episódios sobre Robert Durst, um enigmático herdeiro de uma das famílias mais ricas de Nova York, que é acusado pelo assassinato de três pessoas. Vi os três primeiros episódios e são absolutamente sensacionais.

A minissérie foi dirigida pelo norte-americano Andrew Jarecki, que tem feito excelentes documentários: em 2003, dirigiu “Capturing the Friedmans”, sobre uma família acusada de abuso sexual de menores, e em 2010 produziu “Catfish” (de Henry Joost e Ariel Shulman), um filme assombroso sobre um jovem que inicia um romance virtual com uma mulher que conheceu no Facebook (o filme deu origem a uma série da MTV norte-americana, que não vi).

“The Jinx” (em inglês, “jinx” significa “aquilo que traz azar”) começa em 2001, quando a polícia de Galveston, no Texas, acha um torso humano boiando no mar. As pistas levam ao milionário Robert Durst. Dezenove anos antes, Durst já havia se envolvido em um caso criminal famoso nos Estados Unidos, quando sua esposa, Kathie, desaparecera misteriosamente.

Jarecki se interessou pela história de Durst, e em 2010 dirigiu um filme ficcional – “All Good Things”, com Kirsten Dunst e Ryan Gosling – inspirado na história de Robert e Kathie Durst. Robert viu o filme e gostou tanto que telefonou para o cineasta e sugeriu que colaborassem em um documentário sobre sua vida. O resultado é “The Jinx”.

O filme é de não-ficção, mas os personagens são tão macabros e estranhos que parecem inventados por Stephen King. A atual esposa de Durst, Debra Lee Charatan, é uma víbora manipuladora; o irmão mais novo, Douglas Durst, vive cercado de guarda-costas por temer ser assassinado por Robert; os policiais de Galveston saíram diretamente de um thriller de Elmore Leonard ou Carl Hiaasen.

Não é só: depois que a esposa do ricaço some misteriosamente, ele é ajudado por uma amiga, Susan Berman, filha de um velho gângster de Las Vegas. Mas Susan também aparece morta. O principal suspeito, claro, é Robert, mas isso não impede o filho de Susan de tornar-se amigão do possível assassino da mãe. Não há uma pessoa que pareça minimamente normal na história.

Só vi metade da minissérie, mas já sei o desfecho, porque o que ocorreu no final das filmagens foi manchete por meses nos Estados Unidos. Se eu contar, o leitor certamente achará que é mentira, então vou me abster e não estragar a surpresa de ninguém. Assista.

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Nina Simone triunfa no caos

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O canal BIS exibe sexta, às 21h, “Nina Simone – Live at Montreux 1976”. Faça um favor a você mesmo e não perca de jeito nenhum.

Infelizmente, a versão que será exibida pelo canal está cortada. O concerto original tem pouco mais de 71 minutos, e o BIS anuncia que a sessão terá uma hora.

Cortar 11 minutos de um show pode até parecer aceitável, mas não DESSE show, um dos mais emocionantes e intensos que qualquer performer já realizou em qualquer tempo ou lugar.

Quem quiser assistir ao concerto na íntegra, clique aqui.

Em 1976, quando aceitou o convite do diretor do Festival de Montreux, Claude Nobs, Nina Simone passava por um momento dos mais difíceis: poucos anos antes, cansada de apanhar do marido, um policial chamado Andrew Stroud, e com a carreira financeiramente abalada nos Estados Unidos por suas convicções políticas radicais, Simone foi para a Libéria para se “conectar com as raízes africanas”. Na Libéria, teve um caso com o Primeiro Ministro local, afundou-se em drogas e álcool e começou a dar sinais de depressão e bipolaridade.

Quando Simone chegou a Montreux, a expectativa do público era imensa. Fazia oito anos que a cantora não se apresentava na Suíça. Mas sua psique estava seriamente abalada, e o concerto foi uma amostra clara da desorientação e paranoia que afligiam Nina Simone.

Nina Simone briga com a plateia, ordena que uma espectadora sente na cadeira, reclama de um microfone que insiste em não ficar no lugar, pergunta por David Bowie, fala sobre Janis Joplin, e dispara uma frase das mais tristes e autodepreciativas, quando alguém reclama do show: “É triste, mas era isso que vocês esperavam de qualquer maneira”.

O show foi uma zona. O que não quer dizer que, musicalmente, não tenha sido um triunfo: naquele show, Simone interpretou algumas das versões mais lindas de clássicos do seu repertório, como “I Wish I Knew (How It Would Feel to be Free)” e “Backlash Blues”. Mas foi sua versão de “Feellings”, do brasileiro Morris Albert, que ficou para sempre. Veja e chore:

Existe um DVD, “Nina Simone - Live at Montreux 1976” que traz, além da íntegra desse show, trechos de outras apresentações da cantora no festival, em 1987 e 1990. Mas nenhum chega perto da força do concerto de 76.

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Cada um tem a Disney que merece (e viva o Chile!)

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dismaland1 Cada um tem a Disney que merece (e viva o Chile!)Meu amigo Alexandre Rossi foi à Inglaterra visitar Dismaland, o parque temático de Banksy, e pedi que escrevesse um relato sobre a experiência. Aqui vai:

O Mais Despontador Parque Temático do Mundo. Quando descobri que Banksy, o cara que redefiniu o conceito de arte pra toda uma geração, havia montado uma subversão bizarra da Disneylândia, tive que ir lá ver qual era. E qual não foi minha surpresa quando descobri que ele não tava de sacanagem quando sugeriu que seria uma experiência tão desoladora em tantos sentidos.

Como se a superdesvalorização do real não bastasse pra te desanimar, conseguir uma entrada para o Parque de Depressão do Banksy era uma martírio indigno: os ingressos só eram liberados poucos dias antes, e gente do mundo todo disputava uma entrada pro Bemusement Park. Isso significa que, se eu quisesse pagar um preço minimamente razoável na passagem e hospedagem, comprando tudo com antecedência, teria que arriscar sem saber se iria conseguir entrar.

Penei por dias, acordando de madrugada pra ficar dando refresh a cada dois segundos no site pra conseguir comprar um ingresso, sem sucesso. A cada mudança de planos de viagem, eu entrava mais no vermelho, ou melhor, o vermelho entrava em mim. Comecei a achar que era mais uma formidável conspiração do Banksy pra esfregar o quão capitalista e otário estava sendo. E quase tive certeza disso quando os últimos ingressos acabaram. Se ele queria me desapontar, havia conseguido.

Por sorte havia gente muito mais capitalista do que eu. Os cambistas virtuais estavam vendendo ingressos a 400 libras, mas eu milagrosamente consegui um a 40. Quando o ingresso chegou, mais um desgosto: era pessoal e intransferível. Existia uma enorme probabilidade de me mandarem voltar da porta, o que seria realmente deprimente. Daí me lembrei de uma frase que estava estampada no material promocional do “parque”: “Não é arte se não tem o potencial de ser um desastre”. Ok, ao menos poderia emoldurar minha miséria e leiloar na Sotheby’s.

O parque ficava em Weston Super Mare, um balneário britânico que faz Cabo Frio parecer Sanit-Tropez. A pessoa mais jovem com a qual eu cruzei nas primeiras horas parecia o avô do John Cleese. O que eles entendiam como praia era uma lodaçal com uns quatro quilômetros do início do calçadão até o “mar”. Era uma espécie de Iguabinha britânica. O taxista falou que vários turistas ficam presos com lama até o joelho tentando dar um mergulho. É ali, naquele cenário desolador, que fica o que um dia foi o Tropicana - que chegou a ter uma das maiores piscinas da Europa - onde Banksy passava as férias com a a família e que agora estendia sua decadência por vários metros de orla, assombrando os passantes. Me lembrou o Albanoel, aquele parque temático que o Papai Noel de Quintino ergueu no caminho pra Angra e hoje ainda pode ser visto, abandonado, por quem passa na estrada.

Quando cheguei descobri, com espanto, que estavam vendendo ingressos na porta! VENDENDO INGRESSSOS! Pra que eu tinha me empenhado tanto? Foda-se: a três libras, valia a pena comprar um novo ingresso pra garantir que eu não tivesse que passar pelo aperto de ficar sofrendo na fila sem saber se ia conseguir entrar ou não.

Ao tentar entrar na fila, um típico lad, sentado na cerca, me barrou com um guarda-chuva como se fosse o pinguim do Batman, perguntando se eu sabia o que estava fazendo. Respondi que ia comprar ingressos e ele retrucou do jeito mais cínico: “E você acha que vai conseguir?” Já despido de toda a perspectiva, retruquei: “E o que eu tenho a perder?”. Ele só levantou o guarda-chuva complementando: “Não se anime, entrar na fila não significa que você vai conseguir. Provavelmente não vai”.

Não vou falar que os ingressos acabaram bem na minha hora pra não parecer que era pessoal. Eles acabaram bem na vez das minas que estavam na minha frente. Os Dislamalanders fecharam o guichê na cara delas, lamentando a falta de sorte, e saíram sem olhar pra trás. Eu saí da fila resignado, portando meu desonesto passe pro mundo da desanimação e da injustiça.

Já estava preparado pra não entrar, quando cheguei na porta, uma instalação do Americano Bill Barmisnki que parecia uma versão suecada – como no “Rebobine Por Favor” – de uma entrada de aeroporto com versões de papelão de um aparelho de raios-X. Tenho que dizer que fiquei desapontado quando a luz verde do scanner acendeu e o guardinha com chapéu de Mickey, com a feição mais apática que eu já vi, me mandou entrar. Mas eu nem tinha noção do quão desoladora ainda seria aquela experiência.

IMG 4254 225x300 Cada um tem a Disney que merece (e viva o Chile!)Dizer que o aquele lugar era deprimente configurava uma injustiça. A visão daquele castelo da Cinderela semidestruído – ou semiconstruído, sei lá - do coletivo inglês Block9, com um camburão no meio do chafariz, cercado pelos lambe-lambes com mensagens demotivacionais da ídola do Instagram Wasted Rita e dos sinais de trânsito da Jenny Holzer, faria aquele Gari Sorriso do carnaval carioca chorar copiosamente e o Solzinho feliz dos Teletubbies se pôr e nunca mais sair. E a trilha sonora expelida por aqueles alto-falantes em forma de corneta? Imagino que tenha sido o que aquele quarteto de cordas tocava enquanto o Titanic afundava. A chuva e o frio que castigavam aquela noite deixavam tudo ainda mais sorumbático. E pensar que eu havia empenhado até a última prega para chegar ali.

Logo fui procurar um lugar quente e seco e fugi pra galeria. Ao adentrar aquele galpão, que porrada! Foi como estar nadando no Tâmisa e ser abalroado pelo barco que os Sex Pistols alugaram pra tocar na comemoração do Jubileu da Rainha em 77. Me senti como o Alex de “Laranja Mecânica”, com aquela traquitana que mantinha os olhos abertos sendo submetido a um tratamento de choque ao som da Nona Sinfonia. Cada jato de spray, cada pincelada, cada pedaço de ferro retorcido estava ali com o intuito de te tirar do torpor consumista, te deixar desconfortável na condição de espectador, te dar um sacode existencial.

IMG 4259 1 225x300 Cada um tem a Disney que merece (e viva o Chile!)De cara, você era recepcionado pelo cogumelo atômico que era tipo uma casinha na árvore, criado pelo australiano Dietrich Wegner, também responsável por um feto exposto numa vending machine. Obras do espanhol Paco Pomet, do californiano Jeff Gillete e do palestino Sami Musa não nos deixavam esquecer do caos que assola o mundo hoje em dia. Uns quadros da série “Making Something Cool Every Day” do Brock Davis, do Josh Keyes e as colagens pop do Jani Lenonen davam um descanso colorido ao clima de ruína imperante. De vez em quando, alguém tentava interagir com as esculturas, como com a cadeira medieval do canadense Maskull Lassere, que parecia uma armadilha de urso, e com os padrões florais da lituana Severija Incirauskaité–Kriauneviciené aplicados a um carro que deu PT. Eis que, no meio daquele bruhahá, ouve-se uma versão esquizóide de “Staying Alive”. Seguindo a música, dou de cara com um daqueles carrinhos de bate-bate sendo guiado por um esqueleto com roupa de ceifador, obra do Banksy que ainda foi responsável por uma das esculturas mais fofas dali: uma sucuri com um Mickey sendo digerido no seu interior.

O último pavimento reservava o que havia de mais legal: Uma megamaquete mostrando uma cidade sitiada com nada menos que três mil micropoliciais montada por Jimmy Cauty, o cara que tacou fogo em um milhão de libras em uma performance no deserto. Na saída, ainda tinha umas três obras do Lu$h, um porralouca australiano que fez tanta merda que foi proibido de entrar na Inglaterra.

Ainda deu tempo de visitar o acidente com a carruagem de abóbora da Cinderela com uns paparazzi urubuzando o cadáver – que a inglesada olhava como se testemunhasse a morte da Lady Di - dar um rolê no Austronaut’s Caravan - um claustrofóbico trailer que emulava a gravidade zero criados pelos retardados Tim Hunkin e seu amigo Andy Plant - e vomitar um falafel sem glutén antes de ser enxotado por um cosplay do vocalista do Gossip com o humor pior que o daqueles garçons do Bar Lagoa.

Ainda sob o efeito de ter tido o que restava da minha inocência vandalizada por aquela holocáustica experiência, parti pra Veneza pra dar um confere na Bienal. Percorrer a pomposidade e suntuosidade do Arsenale e do Giardinno foi como padecer em um show de oito horas e meia do Emerson Lake and Palmer depois de ter visto os Ramones tocando no CBGB. Aquela ida ao Dismaland me deixou com a certeza que, como profetizou Gil Scott-Heron, a revolução não foi mesmo televisionada, mas grafitada, hypada e regurgitada na nossa cara.

E que cada geração tem a Disney que merece.

Alexandre Rossi

P.S.: COPA 2018 COMEÇOU BEM

 Cada um tem a Disney que merece (e viva o Chile!)

Não poderia ter sido melhor o início das eliminatórias para o Brasil: uma sapecada de 2 a 0 para o Chile. Depois do 7 a 1, a próxima façanha da selecinha será não se classificar pela primeira vez para uma Copa. Será que o sujeito que pôs Dunga no comando, o velho Marin, assistiu à partida de sua cela na Suíça? Terça é dia de vibrar com a brava seleção venezuelana.

P.S. 2: O blog volta na terça, dia 13. Ótimo feriado a todos.

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New Order sobreviveu – e bem – sem Peter Hook

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Qual a última grande música do New Order?

Acho que precisaríamos voltar quase 15 anos, até 2001, quando a banda lançou “Crystal”, faixa que abria o CD “Get Ready”.

De lá para cá, não aconteceu nada de tão genial no Planeta New Order. “Waiting for the Siren’s Call” (2005) e “Lost Sirens” (lançado em 2013, mas que consistia em músicas gravadas e não usadas no disco anterior) foram regulares, mas duvido que a banda toque uma música sequer deles daqui a dois ou três anos.

Depois que o baixista Peter Hook saiu, em 2007, numa queda de braço feia com o cantor e guitarrista Bernard Sumner, achei que o New Order já era.

Mas não é que os caras voltaram com um disco surpreendente? “Music Complete”, seu décimo disco de estúdio, não é nenhuma obra-prima como “Power, Corruption & Lies” (1983) ou “Technique” (1989), mas não decepciona: é uma ótima coleção de canções que funcionam tanto na pista quanto no palco.

Tem gente – como o crítico do site “Consequence of Sound”, Michael Roffman – dizendo que “Plastic” é a melhor faixa da banda em décadas. De fato, é uma canção 100% New Order, com teclados retrô bem parecidos com o clássico “I Feel Love”, que Giorgio Moroder fez em 1977 para Donna Summer, um climão Kraftwerk e uma batida que lembra Chemical Brothers. Se vai ficar na história da banda, só o futuro dirá.

Pessoalmente, gostei mais de “People on the High Line”, uma discoteca à Chic, e de “Restless”, que tem uma daquelas linhas de baixo que Peter Hook cansou de gravar (ouça a 2:20) , aqui tocada pelo substituto de Hookie, Tom Chapman . Infelizmente, a música tem um dos clipes mais feios dos últimos tempos:

O disco tem convidados de peso: Tom Rowlands (Chemical Brothers) produziu duas faixas, Iggy Pop fez um vocal sombrio e sussurrado em “Stray Dog”, e dois astros pop – Elly Jackson, do grupo synthop La Roux, e Brandon Flowers, da banda The Killers – também emprestaram suas vozes a algumas canções.

“Music Complete” está há algumas semanas em alta rotação aqui em casa, o que é mais do que posso dizer de “Waiting...” e “Lost Sirens”, que não resistiram a duas ou três audições. O disco não vai mudar o mundo e não deve entrar na galeria de grandes momentos da banda, mas mostra que o New Order ainda pode ensinar uma coisa ou duas sobre a ciência de agradar simultaneamente a fãs de rock e de eletrônico.

P.S.: Estou em viagem e não poderei moderar os comentários como gostaria. Caso o seu comentário demore a ser publicado ou respondido, peço desculpas e um pouco de paciência. Obrigado.

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Vai um jabá no capricho?

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jaba Vai um jabá no capricho?Tenho escrito bastante aqui no blog sobre a relação confusa entre jornalismo e assessoria de imprensa (leia aqui).

Cada vez mais, as empresas apostam em um bom relacionamento com os jornalistas para receberem textos favoráveis sobre seus produtos e serviços, e cada vez mais os jornalistas retribuem, agindo como verdadeiros porta-vozes dessas empresas.

Claro que isso não se estende a todos os jornalistas, mas é impressionante a quantidade de profissionais que se deixam influenciar por pressões e mimos.

Além do blog no R7, escrevo uma coluna quinzenal para a “Folha de S. Paulo” chamada “Fique em Casa”, com dicas de livros, filmes e discos. Por isso, costumo receber produtos de editoras, distribuidoras e gravadoras. Até aí, nada de errado: afinal, o trabalho das assessorias de imprensa é justamente informar à mídia sobre os lançamentos das empresas para as quais trabalham.

O problema é quando essa relação entre assessoria e jornalista se transforma em troca de favores.

Vejam um e-mail que recebi esses dias de uma assessora de imprensa (não vou revelar os nomes das empresas ou da assessoria, até porque a intenção não é malhar ninguém, mas simplesmente mostrar como essa prática do “toma lá, dá cá” está completamente enraizada em nossa realidade):

Olá André, tudo bem?

A EMPRESA GIGANTE DE CINEMA e a EMPRESA GIGANTE DE TECNOLOGIA aqui no Brasil gostariam de fazer uma ação especial para oferecer os 20 melhores filmes da EMPRESA GIGANTE DE CINEMA em filme Digital HD na loja da EMPRESA GIGANTE DE TECNOLOGIA.

Faz parte da negociação conseguirmos alguma matéria (...) Você acha possível? Na ‘Folha’?

Em contrapartida, a EMPRESA GIGANTE DE TECNOLOGIA gostaria de te dar um APARELHO ELETRÔNICO [valor de mercado: cerca de R$ 500], dispositivo para você assistir aos filmes digitalmente, conhece? Para os filmes da EMPRESA GIGANTE DE CINEMA, podemos lhe enviar os ‘codes’ para você assistir gratuitamente (...) O que acha da ideia? Aguardo seu retorno.

Essas coisas são tão corriqueiras que nem me espantam mais. Não acho que a assessoria de imprensa faça isso por mal. Ninguém está tentando corromper ninguém. É simplesmente a regra do jogo hoje em dia: trocar espaço jornalístico por agrados, numa estranha relação em que ninguém mais sabe onde acaba o jornalismo e onde começa a propaganda.

E vai tentar explicar para estudantes de jornalismo que um repórter não pode receber mimos de empresas ou se deixar influenciar por presentes? Eles simplesmente não entendem. Parece que você está falando etrusco ou que acabou de descer de um disco voador.

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A banda mais trabalhadora do showbiz

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Certa vez, perguntaram a Questlove, baterista do grupo The Roots, quais eram suas bandas contemporâneas prediletas. "Só existe um grupo que é tão bom que me dá medo: o Antibalas".

Fundado no Brooklyn em 1998 pelo músico norte-americano Martin Pierna, o Antibalas é considerado uma orquestra de Afrobeat, som inspirado em artistas africanos como Fela Kuti. Mas sua música abrange muitas outras influências, como sons caribenhos e latinos. É, basicamente, um som que não deixa nem um poste parado.

O currículo do Antibalas - e de seus músicos em carreiras solo - é extraordinário: já trabalharam com TV on the Radio, Sharon Jones, David Byrne, Tortoise, John Frusciante (Red Hot Chili Peppers), Medski, Martin & Wood, Black Keys, Ornette Coleman, Mark Ronson e muitos outros.

Veja aqui o Antibalas em 2013 tocando com o grande baterista Tony Allen, da banda de Fela Kuti.

Quando alguém precisa de um naipe de metais de primeira ou de um grupo de percussionistas para abrilhantar uma gravação, sabe onde procurar. O Antibalas foi a banda de apoio do musical da Broadway "Fela", sobe Fela Kuti, e participou de homenagens a Talking Heads e Paul Simon.

A atual formação do Antibalas conta com cerca de 20 músicos. Os mais antigos são o próprio Martin Pierna (saxofone), o guitarrista Luke O'Malley, o trumpetista Jordan McLean e o percussionista e cantor Duke Amayo.

A banda já lançou cinco discos, e os dois últimos - "Antibalas" (2012) e Security (2007) - são presenças constantes no playlist aqui de casa. Recomendo demais. E se você estiver passando por Nova York no próximo mês, pode ver a banda em ação numa residência semanal, às quartas, no Brooklyn Bowl. Eu não perderia de jeito nenhum.

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Livro tenta explicar Iggy Pop

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iggy Livro tenta explicar Iggy Pop
Há cinco anos, escrevi aqui no blog sobre "Open Up and Bleed", a biografia de Iggy Pop escrita pelo jornalista britânico Paul Trynka, ex-editor da revista "Mojo". O texto terminava assim: "Por favor, alguém publique este livro no Brasil!"

Demorou, mas alguém finalmente resolveu atender ao pedido: a editora Aleph acaba de lançar a versão brasileira do livro.

A maior qualidade do livro de Trynka é desmistificar o passado de James Osterberg, um moleque de classe média - e não, como Iggy sempre fez questão de dizer, extremamente pobre e vivendo em um parque de trailers cheios de caipiras white trash psicopatas.

Claro que suas aventuras com os Stooges - especialmente com os irmãos Ron e Scott Asheton - são barra pesadíssima, incluindo bacanais, orgias de drogas, casamentos com adolescentes, pancadarias no palco, mortes e muito mais.

Em 2010, escrevi sobre o livro:

Há um capítulo que eu tive de ler duas vezes só para ter certeza que não estava alucinando: Iggy vai passar férias no Haiti, onde acaba envolvido com magia negra e é perseguido pelos tonton macoutes, a temida milícia paramilitar do ditador Papa Doc Duvalier.

Outro tema interessante e muito bem explorado por Trynka é o relacionamento de Iggy e David Bowie. Este, impressionado com o carisma de Iggy, tomou-o sob suas asas e lhe deu abrigo e ajuda quando Iggy mais precisou. Em troca, roubou sua persona e copiou descaradamente seu estilo para criar Ziggy Stardust, seu personagem mais famoso.

Hoje, Iggy Pop sobe ao palco em São Paulo como atração principal do Popload Festival. Quem não puder ver o Iguana em ação - e parece que o canal Bis só vai transmitir os shows de Emicida e Sondre Lerche - pode compensar lendo esse livro revelador.

Bom fim de semana a todos.

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Novidades do Caixão

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mojica matheus Novidades do CaixãoUma curiosa conjunção de coincidências vai transformar o fim de outubro em um período de intensas homenagens ao cineasta brasileiro José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Confira:

Mostra Internacional de Cinema de SP: a 39ª edição da Mostra homenageia Mojica, além do chileno Patricio Guzman e dos italianos Mario Monicelli e Ermanno Olmi. Mojica receberá o Troféu Leon Cakoff, batizado em tributo ao grande Cakoff (1948-2011), idealizador da Mostra.

O evento também exibirá três filmes de Mojica: “À Meia-Noite Levarei Tua Alma” (1964) será exibido dia 28/10, às 19h30, no vão livre do Masp; “Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver” (1967) passa dia 29, no mesmo local e horário, e “Encarnação do Demônio” (2008) será exibido também dia 29, às 22h, no Cinearte (Conjunto Nacional, Av. Paulista, 2073).

No mesmo dia 29, no Cinearte, às 19h30, haverá a pré-estreia da minissérie “Zé do Caixão”, dirigida por Vitor Mafra (com reprise dia 31, às 20h, no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 2). As sessões na Mostra exibirão os dois primeiros episódios da minissérie. A série estreia dia 13/11 no canal Space. Matheus Nachtergaele interpreta Mojica (foto acima). Escrevi o roteiro com Ricardo Grynszpan e Vitor Mafra.

Exposição e curso no MIS: o Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo (Av. Europa, 158, Jardim Europa) inaugura, dia 29/10, uma exposição cobre a vida e carreira de Mojica com curadoria do pesquisador Marcelo Colaiacovo e da filha de Mojica, Marliz Marins. A exposição fica no MIS até 6 de janeiro de 2016.

No dia 31 (Halloween!) às 14h, haverá um debate sobre o trabalho do cineasta, com participação de Colaiocovo, Mariliz, e do cineasta Paulo Sacramento. À noite, o MIS promove uma verdadeira “Noite do Terror”, com performances de suspensões e filmes clássicos da sanguinolência como “Canibal Holocausto”.

Imperdível é o curso “Zé do Caixão: o gênio macabro de José Mojica Marins”, que acontece no MIS todas as segundas, às 19h, de 9 a 30 de novembro, ministrado pelo pesquisador, crítico e autor Carlos Primati, um dos caras que mais entende do trabalho do cineasta e de cinema de horror. Leia mais sobre o curso aqui.

livro 210x300 Novidades do CaixãoRelançamento de biografia: Por fim, estou muito feliz em anunciar o relançamento de “Maldito”, a biografia de Mojica que fiz com Ivan Finotti em 1998. Essa nova edição será lançada pela editora Darkside e tem 666 páginas, 200 a mais que a edição original, incluindo muitas fotos novas e material gráfico inédito. O livro deve chegar às livrarias no meio de novembro, coincidindo com a estreia da minissérie do canal Space.

Essas homenagens acontecem depois de um período difícil na vida de Mojica: ano passado ele sofreu dois ataques do coração e ficou internado por mais de três meses. Vai ser emocionante vê-lo homenageado na Mostra e no MIS. Parabéns aos envolvidos.

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